ESTRATÉGIA

Crédito rural: Por que produtores ainda perdem acesso e o que pode ser feito

WOLFGANG WEISER/PEXELS

Máquinas em fazenda

Máquinas em fazenda; entenda como se organizar para ter acesso ao crédito rural disponível

Publicado em 20/7/2025 - 12h00

Ter uma boa área produtiva, máquinas em funcionamento e colheita assegurada para a próxima safra nem sempre é suficiente para conseguir crédito no campo. Para acessar as melhores linhas de financiamento, com taxas competitivas e prazos adequados, o produtor precisa apresentar algo ainda mais básico: organização financeira.

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"O crédito existe. O que falta, muitas vezes, é o produtor conseguir se apresentar como uma empresa sólida, com dados e informações organizadas para que o banco confie", afirma Rayssa de Melo, cofundadora da Agree, empresa especializada na captação de recursos para produtores rurais.

Nos últimos anos, bancos públicos e privados têm ampliado o volume de recursos para o agronegócio. No entanto, isso não significa que o dinheiro esteja automaticamente acessível. Um dos principais gargalos é a falta de formalização do produtor, que ainda atua, em muitos casos, como pessoa física (CPF), sem histórico financeiro estruturado.

"Muitos produtores chegam até nós sem saber o total da sua dívida ou qual é o seu custo por hectare. Isso dificulta qualquer operação. Antes de ir ao banco, é preciso se conhecer como negócio", complementa Thays Moura, cofundadora da Agree.

A dupla acumula mais de 15 anos de experiência no setor bancário e abriu o novo negócio, voltado para o empresário do campo, em 2022. A Agree já soma R$ 800 milhões em crédito aprovado e mais de R$ 1,5 bilhão em limites de crédito liberados, com presença em estados como Goiás, Bahia e Distrito Federal.

Para as fundadoras da companhia, o acesso ao crédito rural começa com educação. Por isso, além do atendimento individualizado, a empresa realiza eventos, treinamentos e mentorias com foco em planejamento e gestão financeira no campo.

Nossa missão é empoderar o produtor para que ele tenha controle do seu negócio. Com dados em mãos, ele negocia melhor, acessa mais crédito e tem poder de decisão", complementa Thays.

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Cofundadoras da Agree

Thays Moura e Rayssa de Melo, cofundadoras da Agree

Quais documentos são necessários para o crédito rural?

Para resolver esse problema, a Agree ajuda o cliente a montar um verdadeiro "book de crédito" — um dossiê com todas as informações relevantes para facilitar a análise pelas instituições financeiras. Entre os dados exigidos estão:

  • Área plantada e produtividade média
  • Comprovação de faturamento (NF, contabilidade, extratos)
  • Nível de endividamento
  • Regularização ambiental e documental
  • Projeção de fluxo de caixa
  • Planejamento da próxima safra
Hoje, temos mais de 20 instituições parceiras. Sabemos exatamente o que cada uma exige e conseguimos montar a melhor estratégia para cada cliente", explica Rayssa.

A personalização, segundo ela, é fundamental para direcionar o pedido ao lugar certo — e evitar negativas que poderiam manchar o histórico do produtor no sistema bancário. A empresa também oferece consultorias para reestruturação de passivos, o que proporciona um alongamento do prazo, melhora o perfil da dívida e alivia o fluxo de caixa do produtor.

Isso é comum em momentos de quebra de safra, alta de insumos ou queda de preços de commodities. "Às vezes, o cliente chega endividado, sem acesso imediato a novo crédito. A gente precisa primeiro organizar a casa, renegociar dívidas, antes de buscar novos recursos", diz Thays.

Além disso, a empresa começou a atuar com captação no mercado de capitais, ao conectar grandes produtores e empresas do agro a alternativas como CRAs e fundos estruturados. Com a profissionalização crescente do campo, o crédito deixou de ser uma simples ida ao gerente do banco. Hoje, ele depende de planejamento, documentação e estratégia.

"Não adianta mais dizer: 'meu pai sempre financiou com tal banco'. O agro mudou. E quem não acompanhar essa mudança vai perder competitividade", alerta Thays.

Para as fundadoras da Agree, a boa notícia é que há dinheiro disponível — inclusive com taxas atrativas. Mas o produtor precisa fazer a lição de casa. E, nesse processo, ter um parceiro com experiência pode ser o diferencial entre crescer ou travar.

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