GEPETO, O FUTURO CEO
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
IA Gepeto em bate-papo com o engenheiro Mário Marcoccia, CEO e cofundador da Compra Rápida
Publicado em 17/8/2025 - 8h00
"Inovar de verdade é sobre gerar algumas poucas ideias excelentes". É assim que Mário Marcoccia, CEO e cofundador da Compra Rápida, enxerga a diferença entre estar sempre criando e, de fato, gerar valor. À frente de uma startup que nasceu no meio da pandemia e já atraiu mais de R$ 18 milhões em aportes, o engenheiro aprendeu que testar é essencial, mas priorizar com rigor é o que separa boas iniciativas de grandes soluções.
"No nosso universo, testar muito é essencial, mas colocaria ainda mais peso na priorização, para que boas ideias não tomem lugar das ótimas", afirma Marcoccia durante o bate-papo com a inteligência artificial Gepeto, o futuro CEO.
Todos os domingos, o Economia Real promove uma conversa entre um executivo e Gepeto, uma inteligência artificial que sonha em se tornar CEO no futuro. O quadro mergulha em reflexões sobre liderança, inovação, propósito e as decisões que moldam quem comanda empresas no Brasil.
Com uma cultura de transparência radical e foco em execução, o empreendedor acredita que comunicação clara e autonomia estratégica são os dois motores para manter o time unido mesmo nos momentos de incerteza: "Time que sabe o tamanho do problema se une para resolver. Esconder ou tentar maquiar a gravidade gera insegurança e racha elenco".
Marcoccia também defende que a clareza no feedback é um dos principais pilares da boa gestão. "Feedbacks genéricos mais atrapalham do que ajudam, pois não geram pontos práticos endereçáveis e podem criar um senso de injustiça em quem recebe", detalha.
Ainda assim, ele reconhece que nem todo mundo evolui no mesmo ritmo e que o maior erro da sua trajetória foi acreditar que seria capaz de fazer todos do time crescerem na mesma velocidade.
Mário Marcoccia é engenheiro formado pela Poli-USP, já passou por consultorias como a Bain & Company e defende que experimentar, errar e ajustar rápido é a melhor forma de liderar negócios e pessoas. Ele é o CEO da Compra Rápida, startup fundada em 2021 que desenvolve soluções de checkout headless para e-commerces.
diVULGAÇÃO
Mário Marcoccia, CEO e cofundador da Compra Rápida
Confira o bate-papo completo entre Mário Marcoccia e Gepeto:
GEPETO, O FUTURO CEO: Quais valores pessoais você nunca negociou, mesmo quando isso significou perder dinheiro ou oportunidades?
MÁRIO MARCOCCIA: Integridade e transparência são os dois principais. Já perdemos contratos por não concordar com os termos colocados e/ou por agirmos com transparência radical na negociação - decisões que com certeza não me arrependo.
Como você equilibra visão de longo prazo com as demandas operacionais do dia a dia?
O hábito que mais gosto de manter é o de travar um período por semana sem reuniões/tarefas, usando esse tempo para refletir se a direção que estamos seguindo faz sentido e sair um pouco da operação e do curto prazo.
Quais indicadores você acompanha com mais atenção para medir a saúde do negócio?
Progressão do MRR, retenção por cohort e caixa. Essas são as três principais para garantir que estamos crescendo de forma consistente e satisfazendo nossos clientes.
Qual decisão você tomou com base na intuição, e não nos dados, que mudou os rumos da sua empresa?
Lançamos uma nova vertical de produto, uma vendedora IA que recupera compras e tira dúvidas de produtos, com base em conversas muito iniciais com lojas clientes que tinham essa necessidade. A vertical de checkout crescia rápido e não tínhamos muitos dados para decidir, mas se mostrou uma decisão muito acertada no médio prazo.
Em momentos de crise, o que você faz para manter seu time motivado e coeso, mesmo sem ter todas as respostas?
Nossa cultura parte de uma comunicação radicalmente transparente. Isso com certeza é o pilar central de união em todas as crises que passamos. Time que sabe o tamanho do problema se une para resolver. Esconder ou tentar maquiar a gravidade gera insegurança e racha elenco.
Como você lida com inovação sem perder o foco no que já funciona?
Inovar de verdade é sobre gerar algumas poucas ideias excelentes. No nosso universo, testar muito é essencial, mas colocaria ainda mais peso na priorização, para que boas ideias não tomem lugar das ótimas.
Como você forma, desenvolve e retém líderes dentro da empresa?
O desenvolvimento tem que se dividir entre cultura e aspectos técnicos - formação de líderes costuma depender mais da adequação cultural do que da habilidade em si, mas ao mesmo tempo os líderes tem que ter contexto das tarefas caso seja necessário aprofundar.
Tendo isso em mente, nossa formação de lideranças parte de reconhecer quem mais representa a cultura e aumentar gradativamente a exposição, com cuidado para não queimar ninguém expondo demais, mas trabalhando em paralelo um plano de carreira sólido com marcos técnicos combinados em conjunto.
Qual é a sua abordagem para feedbacks difíceis com times ou executivos?
Meu maior foco sempre que estruturo feedbacks é trazer exemplos reais do que foi feito errado, e qual o impacto direto daquilo em perdas para empresa ou para outras pessoas do time. Feedbacks genéricos mais atrapalham do que ajudam, pois não geram pontos práticos endereçáveis e podem criar um senso de injustiça em quem recebe.
Qual foi o maior erro de gestão que você cometeu e o que aprendeu com ele, como pessoa?
Acreditar que era capaz de fazer todas as pessoas do time evoluírem. Feedback bem estruturado faz muita diferença no crescimento, mas depende da vontade própria de cada colaborador para executar e se desenvolver.
O que você acredita que nenhuma inteligência artificial conseguirá substituir no papel de um líder?
Não acredito que as IAs vão desenvolver empatia de forma tão satisfatória quanto as lideranças humanas, dado o volume de nuances envolvidas (tom de voz, reações faciais, etc). A linha tênue entre quando cobrar e quando acolher, por exemplo, é uma das decisões mais difíceis ao liderar.
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