SEXTA SEGURA
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
Ilustração gerada por IA mostra MEIs e PJs buscando seguros contra perda de renda no mercado.
Publicado em 26/9/2025 - 12h00
Enquanto o seguro-desemprego protege trabalhadores com carteira assinada (CLT), profissionais PJ, autônomos e empreendedores ficam descobertos em casos de acidente, doença ou perda de renda. Para preencher essa lacuna, os seguros de vida com coberturas adicionais, como a diária por incapacidade temporária (DIT), ganham espaço na carteira dos brasileiros e se consolidam como estratégia das seguradoras.
Na Bradesco Vida e Previdência, os números mostram essa tendência. No primeiro semestre de 2025, 81% dos acionamentos de seguros de vida com uso em vida foram direcionados à cobertura de perda de renda. "É evidente uma mudança no comportamento do consumidor, que tem buscado soluções mais imediatas, voltadas à manutenção da estabilidade financeira diante de eventos imprevistos, como o desemprego", afirma Alessandro Malavazi, superintendente sênior da companhia, ao Economia Real.
O funcionamento é simples: o segurado recebe uma indenização temporária, que pode ser paga em parcelas mensais ou diárias, compensando a perda da principal fonte de renda.
"Na prática, a cobertura para perda de renda garante que, caso o segurado precise se afastar do trabalho por doença ou acidente, ele continue tendo uma fonte de recursos para manter o seu padrão de vida e o de sua família", explica Guilherme Ciarrocchi, diretor comercial do Sicoob Seguradora.
Na Generali, a avaliação é de que o benefício atua como uma rede de proteção para despesas básicas. "O seguro garante, por um período determinado, o pagamento das despesas do cotidiano, como água, luz, internet, celular, aluguel ou parcelas de financiamento", destaca Conrado Gordon, diretor técnico e de sinistros da seguradora.
Esse tipo de proteção é ainda mais relevante para autônomos, profissionais liberais e microempreendedores individuais (MEIs), que não contam com o amparo da CLT. "Como sua renda depende diretamente do exercício da profissão, qualquer afastamento pode comprometer o sustento mensal", ressalta Carlos Eduardo da Silva, superintendente de Parcerias da Zurich Seguros.
A percepção de vulnerabilidade é confirmada pela Sondagem do Mercado de Trabalho do FGV IBRE. Em sua primeira edição, referente ao trimestre encerrado em junho, a pesquisa mostrou que 32,3% dos trabalhadores em idade ativa se sentem muito desprotegidos e 39,7% parcialmente desprotegidos diante da possibilidade de perder a principal fonte de renda. Além disso, 37,2% acreditam que o mercado de trabalho deve piorar nos próximos seis meses.
O custo dos seguros de perda de renda é considerado acessível. No Sicoob Seguradora, há opções a partir de R$ 25 mensais. Já no Bradesco, a precificação leva em conta fatores como idade, capital segurado e quantidade de parcelas.
"Em um exemplo com perfil masculino de 18 anos e capital segurado para perda de renda de R$ 1 mil em seis parcelas, há soluções a partir de R$ 69 mensais", detalha Malavazi.
Para pequenas e médias empresas (PMEs), esse tipo de seguro também pode ser incorporado ao pacote de benefícios oferecido aos funcionários. "Oferecer esse seguro como benefício é uma forma de cuidar não apenas da saúde financeira do colaborador, mas também da sustentabilidade do próprio negócio", observa Ciarrocchi.
Contudo, há limitações. Gordon explica que os empregadores devem prestar atenção em alguns pontos: "A cobertura de perda de renda não é ofertada na modalidade empregador–funcionário, porque haveria conflito de interesse na garantia de desemprego involuntário. Para esse caso, o que as empresas podem oferecer é a cobertura de DIT, que ampara o colaborador afastado por doença ou acidente".
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