Ele quer tirar o produtor musical da sombra e colocá-lo no palco como artista

No Brasil da era do streaming, onde mais de 120 mil músicas são lançadas por dia, o produtor musical ainda é visto, muitas vezes, como um operário da música: alguém que cumpre prazos, entrega beats e depois volta para a sombra. Thiago Hideki quer mudar essa lógica e, após acumular passagens pela Conspiração Filmes e ONErpm, abriu a HIDE for Producers com o objetivo de criar uma nova categoria no mercado fonográfico: o produtor-artista.

"A proposta é híbrida. O produtor continua trabalhando com artistas, mas também passa a criar seus próprios projetos, com identidade visual, conceito e direção musical. Ele se torna um criador completo", explica Hideki em entrevista ao Economia Real.

A HIDE for Producers funciona como um hub de gestão para esses profissionais, uma espécie de "produtora dos produtores". A estrutura inclui construção de marca, curadoria musical, conexões com artistas e gravadoras, suporte jurídico e até desenvolvimento de projetos autorais. "O produtor sempre foi uma peça essencial. Agora é hora de posicioná-lo como protagonista", reforça.

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Hideki atua há mais de uma década no mercado musical e já trabalhou com nomes como Orochi e MC Cabelinho. Ao longo desse tempo, notou que o maior desafio não era técnico ou financeiro, mas sim de posicionamento.

"Muitos produtores são multi-instrumentistas, arranjadores e até compositores. Mas, no fim, são tratados só como beatmakers. A gente precisa virar essa chave", acredita.

Três nomes para prestar atenção

A primeira leva da HIDE for Producers já está em campo: Th4i, JOK3R e Lucchini são os três produtores apadrinhados pela iniciativa. Cada um trabalha em projetos autorais com direção visual, conceito e cronograma de lançamentos.

"Antes de pensar nas músicas, fizemos um trabalho de identidade artística com cada um deles. JOK3R, por exemplo, produz de tudo, mas nos EPs dele vai ter uma linha clara, com a cara dele", adianta. Th4i, que tem formação como DJ, também se prepara para retornar aos palcos com um novo conceito de performance. Já Lucchini traz uma proposta mais voltada ao trap, com forte apelo visual.

Até o fim de 2025, a meta é lançar ao menos um projeto autoral de cada produtor. "Queremos mostrar que o produtor pode ter sua própria discografia, sua base de fãs, seu lugar na prateleira", afirma Hideki.