MARCELO NEGRÃO
DIVULGAÇÃO/ENTREPAY
Marcelo Negrão, campeão olímpico de vôlei e fundador do Norde Volêi; ex-atleta investe em time
Publicado em 15/6/2025 - 13h00
A distância entre o Norde Vôlei, equipe fundada pelo campeão olímpico Marcelo Negrão, e a primeira divisão do vôlei brasileiro foi de apenas dois pontos na última temporada da Superliga. Mas o placar apertado trouxe mais do que uma eliminação: ensinou ao técnico, gestor e empreendedor duas lições que podem ser decisivas tanto para o futuro do vôlei nordestino quanto para a carreira profissional dos envolvidos.
"Perseverança e versatilidade. Se eu tivesse que resumir tudo o que aprendi nesses últimos meses, seriam esses dois pontos", afirma Negrão em entrevista exclusiva ao Economia Real.
Fundado em agosto de 2024, o Norde Vôlei nasceu com a missão de levar, pela primeira vez, um time profissional do Nordeste à elite do voleibol nacional. Com sede em Fortaleza (CE), apoio de patrocinadores como Entrepay e Banco do Nordeste (BNB), e estrutura de treino no Clube BNB, o projeto enfrentou todos os desafios típicos de uma operação esportiva em uma região com menos tradição em esportes de alto rendimento.
"O Nordeste ainda não tem a mesma cultura esportiva que o Sul e o Sudeste. Mas a paixão da torcida é gigante. Eles são carentes de ídolos. E isso nos dá força para seguir", diz o técnico.
Campeão olímpico em 1992, Negrão ficou conhecido por ser um jogador capaz de atuar em várias posições dentro de quadra. Hoje, como fundador e técnico do Norde, ele aplica essa mesma mentalidade multifuncional fora das quatro linhas.
Eu virei técnico, gestor, captador de recursos e responsável pela estratégia de marketing. Pergunto para quem entende, estudo, me viro. Não tenho vergonha de aprender o que for preciso", comenta.
A versatilidade também é uma meta para os atletas da equipe. "Hoje em dia, o jogador brasileiro só sabe fazer uma coisa. Eu tento mudar isso. Quero que meu atleta tenha mais de uma função em quadra. Isso pode ser o diferencial entre vencer e perder um set decisivo", diz.
Mesmo com orçamento menor e estrutura mais enxuta que os adversários, o Norde bateu de frente com equipes mais tradicionais. A eliminação por apenas dois pontos na semifinal da Superliga B foi dolorosa, mas reforçou a filosofia que Marcelo tenta incutir no grupo: a de sempre voltar no dia seguinte, treinar mais e não se acomodar com derrotas.
"Você ganha o jogo, maravilha. Perdeu? No outro dia tem que estar lá de novo, treinando para melhorar. A gestão esportiva do time é a mesma coisa. Se não consigo um patrocínio aqui, vou atrás ali. Se não consigo ali, busco lá na frente. É insistência o tempo inteiro", afirma.
Na tentativa de encurtar a distância para os times da Superliga A, o Norde investe em estrutura tecnológica e inteligência tática. A equipe agora conta com equipamentos de alto desempenho, como o “canhão” (máquina que simula saques em altíssima velocidade) e as "birutas", que ajudam os levantadores a melhorar a precisão.
Além disso, Negrão está contratando um estatístico esportivo para análise de desempenho, que usará o software Data Volley, considerado padrão mundial em análise de jogos de vôlei.
"Os grandes times têm isso há anos. Se queremos competir, temos que investir. Já comprei o programa, o computador específico, agora estou trazendo um profissional só para isso. Cada detalhe conta", afirma.
Com o início da nova temporada previsto para dezembro, os treinos começam em agosto. O objetivo? Voltar à Superliga B ainda mais preparado — e, desta vez, converter os dois pontos que faltaram em uma vitória histórica para o vôlei nordestino.
"Eu acredito que esse ano a gente consegue. O time que nos eliminou tem 14 anos de projeto. A gente tem apenas oito meses. Mas agora, com esses dois pontos que aprendi, perseverança e versatilidade, vamos chegar ainda mais longe", finaliza Negrão.
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