CASOS DE SUCESSO
MONTAGEM/INSTAGRAM E MSP
Anitta e personagem Mônica, de Maurício de Sousa; ambas são casos de economia criativa
Publicado em 10/5/2025 - 6h30
Quem enxerga a cultura com "olho torto" negligencia um setor econômico que movimenta mais de R$ 230 bilhões só no Brasil. Anitta e Turma da Mônica são alguns dos expoentes financeiros desse mercado, que segue em crescimento e fomenta a inovação dentro das empresas.
"Essa negligência resulta na subvalorização de um setor que não apenas contribui significativamente para a economia, mas também promove a diversidade cultural, a inovação e a inclusão social", explica Lucas Foster, diretor-geral da Organização Mundial da Criatividade, em entrevista ao Economia Real.
Uma das provas dessa desvalorização é a ausência de dados. O número bilionário apresentado no início desta reportagem corresponde ao faturamento do setor em 2020, de acordo com informações do Observatório da Fundação Itaú.
O estudo mais recente do setor é de 2023, também feito pelo braço social do principal banco privado do país, porém focado no mercado de trabalho. O levantamento mostra que 7,7 milhões de pessoas trabalhavam na economia criativa no quatro trimestre de 2023, alta de 4% ante o mesmo período de 2022.
"A ausência de dados consolidados e a descontinuidade de iniciativas governamentais, como a extinção da Secretaria de Economia Criativa em 2015, dificultam a formulação de estratégias eficazes para o desenvolvimento da economia criativa", diz o especialista.
Quando a gente diz economia criativa, estamos falando do círculo de criação, produção, distribuição e consumo, que é uma definição da economia, feito pela força de trabalho das indústrias criativas", reforça.
Mesmo com essas adversidades, o setor segue firme e vai muito além da indústria do entretenimento. Um dos exemplos apontados por Foster é o eVTOL, veículo elétrico de decolagem e pouso vertical em desenvolvimento pela Embraer. Esse projeto é chamado pela mídia especializada de "carro voador".
"O eVTOL é um caso de economia criativa da Embraer, porque hoje gera muito mais valor intangível do que valor real. É uma proposta de pesquisa e desenvolvimento de um carro voador que gera esse valor para a marca. Ou seja, a Embraer não está parada fazendo o que ela sempre fez, está olhando para o frente e pensando no futuro da mobilidade", detalha.
ZICO SANTANA/REPRODUÇÃO
Lucas Foster
À reportagem, o executivo aponta alguns caminhos para que a criatividade ganhe ainda mais destaque na economia brasileira: "Para ter uma indústria criativa robusta, você precisa ter um ecossistema que atrai os melhores talentos e investidores que querem apostar em ideias. E a gente não tem muito isso no Brasil".
"A história do Brasil é de colônia. A gente consome o que outros produzem. Então, a gente vende matéria-prima, eles produzem e a gente consome. Se a gente se torna produtor e consumidor daquilo que a gente produz, barramos a distribuição de outras indústrias criativas de outros países", explica.
Apesar das dificuldades no cenário nacional, ele destaca que temos casos de sucesso no país, como o desenhista Maurício de Sousa, "pai" da animação Turma da Mônica, o parque Beto Carrero World, o produtor musical e empresário Kondzilla, entre outros.
"O que é muito interessante da economia criativa é que a barreira de entrada é menor do que na economia tradicional, porque hoje ela tem muitas ferramentas gratuitas. Então, depende muito mais da sua criatividade e atitude empreendedora do que ter um parque industrial ou sede fixa e funcionários", incentiva Foster, que também apresenta o podcast Pod&Todos, idealizado e produzido pelo diretor audiovisual Zico Santana.
O programa, disponível no YouTube e nas plataformas digitais, é realizado com recursos financeiros da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura e da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
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