PRODUTOS COM MEMÓRIA
PIXABAY/PEXELS
Produtos com nostalgia; voltar ao passado é uma estratégia de crescimento para empresas
MATHEUS CEBALLOS, MsC
redacao@economiareal.com.brPublicado em 4/6/2025 - 9h20
Enquanto o mercado corre para prever o futuro, algumas das marcas mais lucrativas do mundo estão crescendo justamente por saber olhar para trás. A chamada economia da nostalgia vem ganhando força em vários setores — da moda ao entretenimento, dos brinquedos aos videogames — e prova que, às vezes, o que o consumidor quer não é o novo, mas o conhecido, o confortável, o afetivo.
O passado vende. E vende bem. As gerações que cresceram nos anos 1980 e 1990 hoje têm entre 30 e 40 anos — com poder de compra, independência financeira e uma boa dose de saudade da infância.
E o mercado entendeu: nostalgia não é só sentimento, é oportunidade de negócio. Essa saudade de um tempo mais simples, com menos tecnologia e mais imaginação, virou gatilho emocional — e estratégico — no marketing moderno.
A LEGO, por exemplo, entendeu que seus consumidores cresceram. E lançou a campanha "Adults Welcome", com kits pensados especialmente para adultos:
Não são brinquedos infantis. São produtos que combinam design, hobby, decoração e memória afetiva — e que geram conteúdo para redes sociais, como reels e unboxings.
O mesmo vale para bonecas colecionáveis que agora ocupam prateleiras de escritórios e estúdios — não quartos infantis — e se tornaram símbolo de resgate emocional da infância.
Nos videogames, o movimento é ainda mais explícito. Consoles clássicos como o Super Nintendo, Mega Drive e PlayStation 1 voltaram às prateleiras em versões retrô — com os mesmos jogos, os mesmos gráficos e um design que resgata a sensação de ligar o videogame na TV de tubo da casa da avó.
As vendas de games retrô aumentaram globalmente nos últimos anos, acompanhando a demanda por experiências que misturam nostalgia, praticidade e usabilidade moderna. Afinal, a gente quer o jogo antigo — mas com entrada HDMI e USB-C.
Uma das maiores vantagens da nostalgia como estratégia de branding e marketing emocional é que ela entrega uma história pronta. Produtos nostálgicos não precisam se apresentar: eles são reconhecidos pelo coração antes do cérebro.
Eles evocam memórias, carregam um contexto e despertam emoções com uma estética familiar. Enquanto marcas novas precisam convencer o consumidor de que merecem atenção, marcas nostálgicas precisam apenas lembrar o cliente de algo que ele já amava — e havia esquecido.
Isso é um ativo poderoso. E quais setores estão surfando essa onda?
Moda:
Entretenimento:
Design e decoração:
Jogos e brinquedos:
Você não precisa ser gigante para usar a nostalgia ao seu favor. Pequenos negócios também podem aplicar a estratégia com criatividade:
Inovar é essencial. Mas quem entende que inovação e memória são complementares sai na frente. O consumidor moderno quer:
A nostalgia virou estratégia porque não vende o passado — entrega pertencimento. A pergunta que fica: O que você já fez, vendeu ou criou… que vale a pena ser recontado? Talvez o seu próximo produto de sucesso não esteja no futuro, mas no que você já viveu antes.
*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.
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