DIA DOS PAIS
Sete executivos compartilham as lições que querem deixar aos filhos e como a paternidade influencia suas decisões e legados profissionais.
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
Ilustração criada por inteligência artificial mostra pai conversando com filhos em parque
Publicado em 10/8/2025 - 9h00
Para muitos pais, a paternidade redefine o que é sucesso. Não basta entregar resultados ou alcançar cargos altos: é preciso também ser exemplo, presença e referência para quem está crescendo do outro lado da porta do escritório. Quando nasce um filho, nascem também novas prioridades: o tempo ganha outro valor, as decisões passam a considerar impactos de longo prazo e o propósito do trabalho se conecta a algo maior.
Entre os líderes que compartilham essa visão, não faltam histórias de renúncia, recomeço e transformação. Alguns mudaram de cidade ou de carreira para estar mais presentes. Outros criaram negócios com o pensamento no legado que desejam construir.
Há ainda quem se apoie na fé, na disciplina ou na criatividade como pilares para formar os filhos, sempre com a intenção de preparar uma geração mais consciente, ética e feliz. Apesar dos estilos diferentes, todos concordam em algo: não basta dizer o que é certo. É preciso viver com coerência.
Os exemplos vêm da forma como se lidera uma equipe, se reage aos erros, se equilibra a ambição com empatia. Mais do que herança, os filhos vão carregar os valores vividos no dia a dia, e os pais sabem disso.
Neste Dia dos Pais, o Economia Real ouviu sete pais que também são executivos C-levels para entender qual é a principal lição que eles desejam transmitir aos filhos. Confira os relatos a seguir:
ARQUIVO PESSOAL
Fábio Gozzi (centro) abraça os filhos Marcelo e Ana
Fábio Gozzi, pai do Marcelo (25) e da Ana (27), e também co-CEO do Compre & Alugue Agora, acredita que valores precisam ser reforçados todos os dias: "Que responsabilidade, honestidade e resiliência não são apenas virtudes, são escolhas diárias. Que sonhar grande exige pé no chão, mas também coragem no coração".
Para ele, a empresa é uma forma de legado: "Ser pai me fez pensar mais no longo prazo. Queria deixar um caminho, um destino possível, um legado que falasse por mim mesmo quando eu não estiver mais aqui".
ARQUIVO PESSOAL
Bruno Nardon (direita) junto com a mulher Amanda e filhos
Bruno Nardon, pai do Gustavo (7 anos), Caio (4 anos) e da Marina (2 anos), e também fundador do G4 Educação, acredita que a paternidade proporcionou um aprendizado único: "No início da carreira, eu dormia no escritório, vivia para trabalhar. Hoje, entendo que construir memórias com meus filhos é tão importante quanto fechar um bom negócio".
"Quero que meus filhos entendam que caráter, ética e resiliência valem mais do que qualquer resultado imediato", destaca o ex-presidente do Rappi Brasil. Ele afirma que o G4 é um projeto pensado para atravessar gerações, mas não impõe expectativas. "Se um dia eles quiserem assumir, que seja por paixão e propósito, não por obrigação. Quero perpetuar os valores que aprendi em casa: conforto, segurança, amor e presença".
ARQUIVO PESSOAL
Sara, Davi e Harold Schultz
Harold Schultz, pai da Sara (4) e do Davi (2), e também sócio na MakeOne, diz que busca desmistificar o trabalho como algo pesado: "Vejo o trabalho não como algo opressor ou repetitivo, mas como parte essencial da vida. Quero quebrar essa ideia negativa que muitos têm sobre ele e mostrar que é possível trabalhar com propósito".
Ele também busca cultivar a criatividade na infância: "Procuro incentivar neles algo que tive pouco na infância: criatividade e storytelling. Acredito que essa habilidade fortalece a imaginação e será essencial para o futuro deles".
ARQUIVO PESSOAL
Silvio Abade Jr. (centro) com os filhos Guilherme e Marina
Silvio Abade Jr., pai da Marina (16) e do Guilherme (8), e também CEO da KSE Brasil, aprendeu com o próprio pai o valor da integridade, honestidade e humildade e agora quer ir além: "Essas foram algumas das maiores lições que aprendi do meu pai e serve como meu guia até hoje. Tento passar isso aos meus filhos para que enfrentem os desafios com dignidade e sendo autênticos.”
Sua decisão mais difícil e significativa veio em nome da família: "Tomei a decisão de deixar uma empresa grande e global que estava há 10 anos para estar mais próximo aos meus filhos. Hoje afirmo que foi a maior e melhor decisão que já tomei em minha vida".
ARQUIVO PESSOAL
Pedro, Julia e Eduardo Ribeiro
Eduardo Ribeiro, pai da Julia (8) e do Pedro (6), e também cofundador da Evollo, ensina que a jornada deve ser tão importante quanto o resultado: "Quero ensinar para eles que é fundamental batalhar, nunca desistir dos sonhos e buscar sempre a evolução. Tudo isso com ética, honestidade, ousadia e, acima de tudo, que curtam a jornada e sejam felizes".
Ele afirma que suas decisões de negócio hoje têm outro peso: "Passei a avaliar cada iniciativa considerando não só o resultado financeiro ou de mercado, mas principalmente o impacto que ela gera como exemplo para meus filhos".
ARQUIVO PESSOAL
Daniel Tieppo e a filha Laura
Daniel Tieppo, pai da Laura (8 anos) e também diretor executivo da HexaDigital, quer que a herdeira entenda desde cedo que tudo na vida é interdependente. "Cada pessoa, cada etapa e cada processo têm seu valor. Tento mostrar isso no dia a dia, não só como educação formal, mas como postura diante da vida", acredita.
O executivo acredita que empreender foi também uma forma de construir um porto seguro para a família. Hoje, além de buscar equilíbrio, ele investe em educação, em casa e na empresa. "Quero que minha filha cresça preparada para um mundo em constante mudança. Por isso, incentivo lógica, raciocínio e adaptação desde cedo", diz.
ARQUIVO PESSOAL
Maximiliano Carlomagno com as filhas Bella e Chiara
Maximiliano Carlomagno, pai da Chiara (10) e da Bella (7), e sócio-fundador da Innoscience, quer ensinar às filhas que integridade e autonomia caminham juntas: "Quero ensiná-las a serem pessoas boas, íntegras e autônomas — que tenham caráter, empatia e capacidade de construir seus próprios caminhos com responsabilidade".
A mudança de cidade foi uma decisão empresarial influenciada pela família: "Foi então que eu e minha esposa decidimos nos mudar para São Paulo, para que eu pudesse estar mais presente e acompanhar de perto a infância dela".