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Como o Atlético-MG usa dados para decidir dentro e fora de campo

Atlético-MG usa ciência de dados para melhorar desempenho, prevenir lesões e escolher contratações com mais precisão. Entenda a estratégia.

PEDRO SOUZA/GALO

Hulk, atacante do Atlético-MG; entenda como o time de futebol faz análise de dados no campo

Publicado em 2/8/2025 - 7h00

Uma partida de futebol tem ação, emoção — e muitos dados. Sim, cada passe, falta ou movimentação em campo pode ser convertido em informação numérica para análise e tomada de decisão. No Atlético-MG, em Belo Horizonte (MG), uma parceria com a plataforma Dadosfera transforma esses detalhes em estratégia, por meio de ciência de dados esportiva.

"Nosso objetivo é transformar dado bruto em informação útil. A gente entrega isso para os analistas de vídeo, para a comissão técnica e para a diretoria. É uma camada a mais de inteligência para apoiar as decisões", explica Leo Martins Sá, head de análise de dados do Atlético-MG, em entrevista ao Economia Real.

Firmada em 2023, a parceria centralizou processos que antes estavam pulverizados em diversas plataformas e profissionais terceirizados. Agora, a Dadosfera fornece desde o armazenamento e integração dos dados até a infraestrutura de análise e visualização. O resultado: uma base confiável, atualizada em tempo real e acessível à equipe técnica do clube.

"É como se a gente oferecesse a cozinha, a despensa e os utensílios. Mas quem define a receita e cozinha é o Atlético", resume Luis Otávio Martins, CEO da Dadosfera. "Hoje, cobrimos 40 ligas ao redor do mundo. Analisamos milhares de jogadores e geramos dados que ajudam a tomar decisões mais racionais e estratégicas", complementa Sá.

A cada jogo, entre duas e três mil ações por jogador são registradas — de posicionamento a finalizações. Essas informações alimentam modelos estatísticos que ajudam o clube a prever comportamentos, encontrar padrões e ajustar estratégias em tempo real.

A atuação do time de dados do Galo vai muito além do tradicional scouting, processo de observação, análise e avaliação dos jogadores. A área é transversal ao departamento de futebol, com impacto direto em diferentes frentes:

  • Análise de mercado: avaliação quantitativa de atletas para contratações
  • Análise de desempenho: estudo de adversários e da própria equipe para otimização de jogos.
  • Fisiologia e preparação física: leitura de dados de performance para prevenir lesões e otimizar treinos.

Tecnologia no esporte: o dado é aliado, não substituto

Mesmo com o grande volume de dados, a tecnologia não substitui o olhar técnico — apenas o complementa. Os insights gerados pela análise de dados no futebol são cruzados com o trabalho dos analistas de vídeo e da comissão técnica, formando uma base mais robusta para as decisões.

Não dominamos a decisão. Nossa análise é uma perspectiva adicional. Ela mostra o que os olhos não veem ou ajuda a confirmar impressões que vêm da experiência", reforça Sá.

Se hoje os dados ajudam o Atlético-MG a contratar melhor, o próximo passo é ainda mais ousado: usar tecnologia e ciência de dados para repensar a forma de jogar e formar atletas mais completos. "Ligas como a NBA e a MLB já foram transformadas pela análise de dados. No futebol, isso está só começando — e o Atlético quer estar na vanguarda", afirma o cientista de dados.

Segundo ele, o futuro passa por análises biomecânicas, que avaliem postura, tempo de reação e movimentação em detalhes. "Isso pode revolucionar a formação de atletas. Ainda estamos longe, mas é para onde o mundo caminha", conclui o especialista.

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