PONTO DE ATENÇÃO

O gargalo invisível que trava empresas e não aparece no DRE

Soft skills são mais que "detalhes"! Comunicação, feedback e segurança psicológica impactam diretamente a performance das empresas.

ILUSTRAÇÃO/CHATGPT

Engrenagem travada por falhas de comunicação reflete gargalo invisível dentro das empresas

Publicado em 4/9/2025 - 10h01

Todo mundo já entendeu que soft skills importam. Mas poucos ainda conseguem conectar isso com o que realmente move uma empresa: margem, tração e consistência de entrega. Empatia, escuta ativa e comunicação clara ainda são tratados como "detalhes de convivência".

Na prática, são fatores estruturantes de performance. E isso não é discurso "fofo": é pragmatismo de quem entende que lucro não se faz com gente amedrontada, confusa ou desconectada.

Se a liderança não cria um ambiente em que as pessoas se comuniquem com clareza, recebam feedbacks úteis e se sintam minimamente seguras para errar e ajustar rápido, o negócio para. Cultura disfuncional vira gargalo operacional.

Você não vê no DRE, mas está lá:

  • Equipes que evitam conversas difíceis demoram o triplo para resolver problemas simples;
  • Profissionais com medo de errar viram burocráticos e pedem aprovação para tudo;
  • Ambientes sem segurança emocional geram turnover silencioso: gente que ainda não pediu demissão, mas já parou de contribuir;
  • Falta de alinhamento gera retrabalho. Retrabalho gera perda de margem.

No fim, a empresa não sabe por que está estagnada. Acha que precisa de mais meta, mais processo, mais cobrança. Quando, na verdade, o que falta é mais conversa boa, mais escuta real e menos ego nas decisões.

O papel estratégico das soft skills

Comunicação não é sobre "se expressar bem". É garantir que todos saibam onde estão, o que precisa ser feito e qual impacto isso gera. Comunicação madura reduz ruído, aumenta eficiência e antecipa conflitos.

Feedback não é "cuidado com o outro". É ferramenta de direção. Sem feedback claro, o time opera sem referência, repete erros e trava. Feedback é alavanca de performance.

Segurança psicológica não é "abraçar erro". É dar espaço para que as pessoas errem e corrijam sem medo de punição imediata. Ambientes de medo matam inovação. Ambientes seguros criam autonomia.

Ainda acha que isso é "pauta de RH"? Toda empresa que quer crescer precisa parar de tratar soft skills como "comportamento bonitinho" e começar a enxergar como diferencial de produtividade.

  • Equipes que se escutam se organizam melhor.
  • Times que dão e recebem feedback rápido ajustam mais cedo.
  • Líderes que acolhem a dúvida evitam ruído e retrabalho.
  • Profissionais que confiam uns nos outros tomam decisões melhores.

E tudo isso impacta direto nos números: mais entrega, mais velocidade, menos desperdício de energia. Se é caro desenvolver soft skills, tente não ter.

Quer saber o custo real de um líder que não sabe ouvir? Veja a quantidade de talentos que ele afasta. Quer medir o impacto de não dar feedback? Conte quantas vezes o mesmo erro foi repetido no trimestre. Quer entender por que o time não escala? Pergunte o quanto eles se sentem seguros para dizer que não sabem. A resposta para muita coisa que emperra uma empresa não está no sistema: está na maturidade emocional da liderança.


*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.

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