DEIVERSON MIGLIATTI
Ex-vendedor da Casas Bahia, Deiverson Migliatti criou o Sterna Café, rede de R$ 80 mi que quer chegar a 300 lojas até 2028.
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Deiverson Migliatti, fundador da Sterna Café; ex-Casas Bahia criou império do café especial
Publicado em 7/10/2025 - 10h00
Logo no início da carreira, Deiverson Migliatti enxergou dentro da Casas Bahia a oportunidade de aprender na prática sobre atendimento, gestão e varejo. Anos depois, aquele jovem que começou atrás do balcão da varejista se tornaria o fundador da Sterna Café, rede de cafeterias com 80 unidades em operação e faturamento de R$ 80 milhões em 2024. Agora, o empresário projeta alcançar 300 lojas até 2028 e expandir seu império de cafés especiais por todo o país.
"Vi que o café era tratado de maneira muito especial em outros países, mas aqui, mesmo sendo o maior produtor mundial, ainda faltava valorização. Quis criar um modelo que unisse qualidade, preço acessível e uma experiência acolhedora. O Sterna nasceu para aproximar o brasileiro do café especial, sem que isso parecesse algo elitizado", afirma Migliatti em entrevista ao Economia Real.
Após anos na varejista, onde passou por diversas funções e chegou a atuar na padronização e gestão de processos da marca, Migliatti mergulhou no mundo das franquias. Tornou-se operador de mais de 30 unidades de grandes redes, como Subway, KFC e Bon Grillê. Essa vivência consolidou sua visão sobre operação, gestão e comportamento do consumidor, além de despertar o desejo de empreender.
"Eu queria criar algo com a minha cara, que tivesse propósito e impacto positivo. Algo que fosse além do produto, que entregasse sentimento, experiência e conexão", explica.
As viagens internacionais completaram o repertório do empreendedor. Foram três voltas ao mundo e mais de mil cafeterias visitadas em 72 países. O nome Sterna, inspirado em uma ave migratória, simboliza essa jornada e o desejo de levar o café brasileiro a diferentes lugares.
O diferencial da marca está em servir cafés especiais com pontuação acima de 80 pontos, classificados internacionalmente como "cafés de excelência", a preços acessíveis.
As lojas também oferecem um cardápio afetivo e ambientes que misturam arte, grafites e receitas de família. "O bolo de maçã é da receita da minha mãe. É sobre acolher as pessoas, como em casa", diz Migliatti.
O modelo foi rapidamente validado. A fidelização dos clientes atraiu investidores e, em apenas um ano, o negócio começou a franquear. Hoje, a rede cresce 60% ao ano e estreia em novos formatos: a primeira unidade em shopping center será inaugurada em outubro, no Pátio Paulista, em São Paulo.
O maior desafio veio com a pandemia, quando o setor de alimentação fora do lar foi paralisado. Em vez de recuar, Migliatti apostou na criatividade e diversificação: lançou carrinhos de café itinerantes, criou kits presenteáveis e estruturou o delivery, o que possibilitou a abertura de novas frentes de receita.
"Foi um período de muita reinvenção. Precisamos pensar fora da loja e entender que o café podia estar em qualquer lugar: nos escritórios, nos eventos e até nas casas das pessoas", conta o empresário.
A estratégia deu certo e as iniciativas continuaram mesmo após a reabertura. Hoje, a marca aposta em parcerias corporativas e formatos móveis como pilares de expansão.
Aprendi que um negócio só prospera quando está conectado a pessoas. Franqueados, colaboradores e clientes são parte fundamental dessa construção. Liderar é traduzir propósito em ação e inspirar o time a fazer parte disso", afirma.
Com 80 lojas em operação e 17 novas previstas até 2025, o Sterna Café prepara o terreno para um novo salto, apoiado em fundos de investimento e alianças estratégicas. "Queremos levar o café especial para mais regiões do país, mas mantendo o que nos move desde o início: oferecer qualidade com propósito. Mais do que vender café, queremos criar experiências que aproximem as pessoas", conclui Migliatti.