MEI pode ter cartão de crédito empresarial e limite maior

Controlar as finanças é um dos maiores desafios do Microempreendedor Individual (MEI). Separar os gastos pessoais dos empresariais é essencial para manter a saúde financeira do negócio e facilitar o planejamento estratégico. Nesse contexto, o cartão de crédito empresarial (PJ) surge como uma ferramenta que ajuda o empreendedor a organizar despesas, construir histórico de crédito e acessar benefícios exclusivos para CNPJ.

"Ao utilizar um cartão de crédito empresarial (PJ), o MEI separa oficialmente as despesas do negócio das despesas pessoais, o que é essencial para uma boa gestão financeira. A principal mudança é que o cartão empresarial passa a estar vinculado ao CNPJ, não diretamente ao CPF. Isso facilita o controle contábil, o registro de despesas dedutíveis e o planejamento do fluxo de caixa", explica Juliana Ribas, consultora especialista em assuntos regulatórios da Contabilizei, em entrevista ao Economia Real.

Segundo a consultora, o cartão PJ oferece vantagens voltadas às necessidades das empresas, como limites definidos conforme a receita do negócio, acesso a linhas de crédito para capital de giro, descontos em compras corporativas, marketplaces B2B e serviços digitais. Misturar contas pessoais e empresariais, por outro lado, pode causar prejuízos sérios.

BENEFÍCIOS

MEI pode ter plano de saúde, academia e até desconto em banco; veja como

ATENÇÃO

MEI pode ter dois CNPJs? Entenda a regra específica da categoria

"Problemas que podem surgir são misturar gastos e recebimentos pessoais com os da empresa, levar a erros na declaração do DAS, achar que o negócio está dando lucro quando, na verdade, está apenas cobrindo despesas pessoais e ter dificuldade para obter crédito junto a instituições financeiras pela dificuldade do banco em analisar a capacidade financeira da empresa", detalha Juliana.

Além disso, a mistura de contas pode gerar riscos fiscais. Quando o empreendedor utiliza a conta pessoal para receber valores de diferentes fontes (como aluguéis ou trabalhos autônomos), há chance de autuação pelo fisco. Para evitar complicações, é importante declarar corretamente o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), separando todos os rendimentos.

Como funciona a análise para ter um cartão PJ

A análise de crédito é um dos pontos mais importantes para o MEI conseguir um cartão empresarial. Bancos e fintechs avaliam diversos aspectos do histórico financeiro do microempreendedor antes de liberar o produto, de acordo com Maria Rita Schazmann, CFO da Razonet. Entre os principais critérios estão:

• Tempo de abertura do CNPJ;
• Atividades desenvolvidas pela empresa;
• Faturamento mensal declarado;
• Volume de movimentações na conta empresarial;
• Declaração anual de faturamento (DASN);
• Regularidade fiscal (verificada por meio de certidões negativas);
• Eventuais restrições no CNPJ.

"CNPJs mais novos ou com pouca movimentação podem enfrentar maior dificuldade na aprovação, já que ainda não possuem histórico suficiente. Por outro lado, MEIs com boa movimentação financeira, histórico de pagamentos positivo e regularidade das obrigações fiscais tendem a ter aprovação facilitada, pois demonstram uma gestão responsável do negócio", explica Maria Rita.

O uso correto do cartão também contribui para construir um histórico de crédito e aumentar o score do CNPJ. "O uso consciente do cartão PJ ajuda o MEI a construir um histórico junto ao banco, isso facilita na liberação de crédito e gera um score positivo do CNPJ. Com o tempo, esse score habilita negociações com melhores taxas e liberação de crédito maior, comprovando a capacidade de pagamento do MEI", complementa a CFO da Razonet.

Atualmente, diversos bancos e fintechs oferecem cartões PJ voltados ao público MEI. Entre os principais estão:

• Bancos tradicionais: Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander;
• Bancos digitais e fintechs: Nubank, C6 Bank, Inter, Neon, PagBank e Mercado Pago.

"As diferenças estão principalmente em facilidade de aprovação, anuidade e benefícios. As fintechs tendem a ter processos mais ágeis e menos burocráticos, com abertura 100% digital, enquanto os bancos tradicionais oferecem mais robustez e limites mais altos, especialmente para quem já tem relacionamento de crédito", conclui Juliana.