RODRIGO MIRANDA
DIVULGAÇÃO/VPX COMPANY
Publicado em 14/7/2025 - 8h45
Após construir um bom negócio, é comum que os empresários desejem vender suas companhias para começar novas jornadas pessoais e profissionais. Rodrigo Miranda aprendeu a vender empresa… vendendo — e fez isso três vezes, com a Zaitt, Packk e Shipp Delivery. Ao longo dessa jornada, o empreendedor acumulou aprendizados valiosos que hoje aplica nos processos de fusão e aquisição (M&A, na sigla em inglês) que assessora.
"Só quem já passou por um M&A sabe o tamanho do buraco em que está se metendo. Mas, com preparo e o time certo ao lado, dá para sair do outro lado com muito aprendizado", disse Miranda no podcast Do Zero ao Exit — confira o conteúdo completo no vídeo disponível no início da reportagem.
De acordo com o empreendedor, a parte mais difícil foi realizar a negociação das ações com cada investidor individual. "Eu recomprava as ações para viabilizar a venda, um por um. Foram meses de reuniões", relembra.
Por isso, o primeiro aprendizado foi que a captação pulverizada pode se tornar um pesadelo durante o processo de venda de empresa. "Se eu tivesse concentrado esses contratos ou combinado regras claras de saída desde o início, teria evitado boa parte dessa dor de cabeça", diz.
Nesse cenário, Miranda recomenda consolidar acordos, prever cláusulas de saída e reduzir o número de interlocutores com direito a veto — práticas que facilitam a gestão de contratos de investimento e evitam entraves em futuras negociações com investidores.
O segundo aprendizado veio logo após o closing — como é chamada a fase final de um processo de M&A, na qual os contratos são assinados e o negócio é oficialmente transferido. "Eu vendi acreditando que ainda seria dono da empresa. Mas não era mais. Eu era um executivo a serviço do novo acionista. E precisei amadurecer rápido para lidar com esse novo papel", comenta.
O especialista alerta que, sem alinhamento de expectativas no contrato, o risco de conflito entre fundadores e novos controladores aumenta. Para evitar frustrações, ele sugere formalizar cláusulas de governança, definir o poder de decisão e prever tratamentos específicos em caso de desligamento.
Em uma das negociações, por exemplo, ele decidiu atrelar parte dos ganhos ao cumprimento de metas — o chamado earn-out, modelo em que o vendedor recebe parcelas adicionais se certos objetivos forem alcançados após a venda.
"Reduziria o peso dos earn-outs. Você perde o controle da empresa, mas ainda depende dela bater metas que, muitas vezes, não estão mais sob sua gestão", finaliza.
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