GEPETO, O FUTURO CEO

Para este CEO, quem lidera precisa encarar conversas difíceis com coragem

ILUSTRAÇÃO/CHATGPT

Gepeto conversa com David Brito, country manager do Ebury Bank no Brasil

Gepeto conversa com David Brito, country manager do Ebury Bank no Brasil (Imagem criada com IA)

Publicado em 12/10/2025 - 11h00

"Elogiar é fácil. Onde se vê a capacidade do gestor é no feedback difícil". A frase dita por David Brito, country manager do Ebury Bank no Brasil, resume boa parte da sua filosofia de liderança. Para ele, liderar vai além de inspirar: é estar presente nos momentos incertos, ter conversas difíceis com empatia e manter o time unido mesmo sem ter todas as respostas.

"Acredito que o feedback deve ser feito com transparência, na altura certa e na frequência certa - pouco ou muito feedback pode ser negativo. E ser o mais humano possível, ter respeito pelas pessoas sem deixar de passar a mensagem que tem de ser passada, esse é o equilíbrio desejado", reforça Brito durante o bate-papo com a inteligência artificial Gepeto, o Futuro CEO.

Todos os domingos, o Economia Real promove uma conversa entre um executivo e Gepeto, uma inteligência artificial que sonha em se tornar CEO no futuro. O quadro mergulha em reflexões sobre liderança, inovação, cultura organizacional e os bastidores de quem toma decisões sob pressão.

Na Ebury, uma das fintechs que mais crescem no mundo, o desafio é inovar sem comprometer o que já funciona. O executivo reconhece o risco da zona de conforto quando tudo parece ir bem.

Para evitar isso, tira um tempo específico no dia para olhar o negócio com distanciamento e encontrar novas oportunidades. "Um gestor moderno deve estar sempre em constante desafio sobre o que pode ser modificado, novos ângulos de negócio e de como fazer melhor o que já funciona bem", diz.

Na formação de líderes, ele aposta na proximidade, no exemplo e em planos de carreira estruturados. Para ele, reter talentos vai além do salário: passa por reconhecer os desejos individuais, oferecer visibilidade de crescimento e cultivar um ambiente onde feedback não seja tabu — nem escasso, nem excessivo.

David Brito é country manager do Ebury Bank no Brasil e em Portugal, com mais de 16 anos de experiência em projetos estratégicos para grandes corporações globais. Com operação em mais de 30 países e mais de 1,8 mil funcionários, o Ebury Bank representa a expansão mais recente do grupo no Brasil após a aquisição do Bexs Banco. A fintech oferece soluções de câmbio, contas internacionais e gestão de risco para empresas que querem negociar e crescer globalmente — com tecnologia, proximidade e visão de longo prazo.

diVULGAÇÃO/BASE COMUNICA

David Brito

David Brito, country manager do Ebury Bank no Brasil

Confira, a seguir, o bate-papo na íntegra entre Gepeto e David Brito:

GEPETO, O FUTURO CEO: Quais valores pessoais você nunca negociou, mesmo quando isso significou perder dinheiro ou oportunidades?

DAVID BRITO: Integridade e respeito pelas pessoas. Agir de forma ética e de acordo com as regras são práticas inegociáveis, independentemente do que esteja em jogo.

Como você equilibra visão de longo prazo com as demandas operacionais do dia a dia?

O dia a dia tem de ser resolvido, tem de ser tratado. É do dia a dia que vivemos, portanto, não pode falhar. No entanto, como gestor, obrigo-me a ter tempo e espaço para equilibrar as minhas ações e decisões com uma visão de longo prazo. Para tal, reservo espaço mensal na minha agenda para poder pensar e discutir de forma mais estratégica.

Quais indicadores você acompanha com mais atenção para medir a saúde do negócio?

Além dos indicadores de faturamento e rentabilidade, gosto de acompanhar e analisar indicadores que medem a retenção de negócio e o novo negócio gerado no ano. Assim, de forma mais direta, consigo ter o termômetro de como estamos tratando o nosso portfólio de clientes, através da retenção de negócio, e o que estamos captando de novos negócios. Por fim, indicadores de satisfação de cliente e número de clientes abertos no ano também são métricas às quais estou sempre atento.

Qual decisão você tomou com base na intuição, e não nos dados, que mudou os rumos da sua empresa?

Diria que tomei uma ou outra decisão relacionada com a escolha de pessoas para funções-chave na empresa. Essas decisões foram mais baseadas em instinto do que propriamente em dados concretos e revelaram-se decisões bastante felizes.

Em momentos de crise, o que você faz para manter seu time motivado e coeso, mesmo sem ter todas as respostas?

Dar o máximo de transparência e informação é chave para que o time encontre um propósito comum e esteja unido. Nem sempre se pode partilhar toda a informação, até porque nem sempre temos acesso a todo o contexto, mas é essencial que o time consiga entender que todos estão remando na mesma direção — e que o gestor é o primeiro a lutar para ultrapassar a crise.

Como você lida com inovação sem perder o foco no que já funciona?

É, de fato, um desafio conseguir o equilíbrio entre inovar e não "estragar" o que já funciona. Pode existir a preguiça de inovar quando as coisas estão correndo bem; no entanto, um gestor moderno deve estar sempre em constante desafio sobre o que pode ser modificado, novos ângulos de negócio e como fazer melhor o que já funciona bem.

Na Ebury, por exemplo, estamos cada vez mais a utilizar ferramentas de IA no nosso dia a dia, no entanto, não o fazemos de forma disruptiva. Adicionalmente, tiro tempo do meu dia especificamente para olhar para o negócio como um todo, de forma mais distanciada, para poder identificar focos de possível inovação. É também importante, como gestor, dar espaço à criatividade e à inovação dos colaboradores da empresa.

Como você forma, desenvolve e retém líderes dentro da empresa?

Acredito que um modelo de lead by example e de muita proximidade com transparência é chave para o desenvolvimento de líderes. Reter depende de muitos fatores, desde financeiros, motivacionais e de crescimento pessoal, entre outros. No entanto, um modelo organizacional em que seja conhecida a evolução prevista e desejável da carreira dos profissionais e líderes favorece fortemente a retenção das pessoas nas organizações.

Qual é a sua abordagem para feedbacks difíceis com times ou executivos?

É muito importante não fugir ao feedback difícil. Elogiar é fácil; onde se vê a capacidade do gestor é no feedback difícil. Acredito que deve ser feito com transparência, na altura certa e na frequência certa, pouco ou muito feedback pode ser negativo. E deve ser o mais humano possível: ter respeito pelas pessoas, sem deixar de passar a mensagem que precisa ser passada. Esse é o equilíbrio desejado.

Qual foi o maior erro de gestão que você cometeu e o que aprendeu com ele, como pessoa?

Diria que não ter tomado a decisão de arriscar e inovar na altura certa, por medo de falhar. O feeling dizia-me para arriscar, mas não o fiz. O aprendizado me mostrou que devo confiar mais no instinto e admitir que nem sempre vai dar certo.

Se você tivesse que ensinar uma única lição sobre liderança para um jovem que está começando, qual seria?

O que sempre digo quando alguém tem a sua primeira função de gestão: dê o exemplo! Se quer formar um bom profissional, o primeiro passo é garantir que, aos olhos dos seus colaboradores, você seja o melhor profissional possível: mais dedicado, mais esforçado, mais rigoroso. A forma mais forte de passar uma mensagem não é com palavras, discursos ou ordens, é dando o exemplo.

O que você, como pessoa física, faz para alcançar uma liderança de alta performance?

Manter uma mente sã, não cometer excessos e praticar desporto (academia e tênis). Tenho uma filha pequenina, à qual dedico grande parte do meu tempo, e tento usar o meu tempo livre com rotinas saudáveis, mas que, ao mesmo tempo, permitam ter um tempo de desconexão do mundo profissional.

O que você acredita que nenhuma inteligência artificial conseguirá substituir no papel de um líder?

Entendo que conexão e empatia humana são coisas que dificilmente a IA pode substituir. Um líder deve trabalhar com pessoas e, sobretudo, para as pessoas. Não há como substituir o instinto de um líder em arriscar na pessoa X em vez da Y ou de saber escutar um problema pessoal de um colaborador.

Grande parte do meu trabalho é me conectar com pessoas, seja com clientes ou colaboradores. Este tipo de conexão, na minha ótica, deve ser feita por pessoas e não por IA.

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