GEPETO, O FUTURO CEO
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
IA Gepeto conversa com Tiago Feitosa, fundador da T2 Educação; executivo defende básico bem feito
Publicado em 3/8/2025 - 11h14
"Inovar não é sair adotando tudo que é novo, é escolher com critério o que agrega valor de verdade, sem desorganizar o que já está rodando bem". Para Tiago Feitosa, fundador e CEO da T2 Educação, edtech especializada na formação de profissionais para o mercado financeiro, inovação só faz sentido se não atrapalhar o que já funciona.
Na sua filosofia de liderança, o hype vem depois da entrega. "Toda hora surge uma novidade que parece incrível e promissora, mas a gente tem uma filosofia clara: valorizar o básico bem feito. Antes de adotar qualquer inovação, nos perguntamos se ela realmente melhora o que já funciona. Se sim, ótimo. Se é só uma reinvenção da roda, preferimos seguir com o que está sólido", afirma Feitosa durante o bate-papo com a inteligência artificial Gepeto, o Futuro CEO.
Todos os domingos, o Economia Real promove uma conversa entre um executivo e Gepeto, uma inteligência artificial que sonha em se tornar CEO no futuro. O quadro mergulha em reflexões sobre liderança, cultura, estratégia e os dilemas reais de quem constrói empresas no Brasil.
Quando crises apertam, o executivo aposta no alinhamento de valores para manter o time coeso. "Já tomamos decisões que machucaram o caixa, como baixar o ticket de entrada, para manter o propósito acessível. A transformação que causamos é parte do nosso resultado", afirma.
Com carreira iniciada no setor bancário em 2005, Feitosa é graduado em Matemática, pós-graduado em Finanças pela FAAP e possui certificações como CPA-20, CEA e ANCORD. Desde 2011, atua como educador, palestrante e empreendedor com foco em aprendizagem corporativa, inovação em edtechs e educação financeira de impacto. Seu lema é claro: a régua do resultado começa pela transformação que a gente entrega.
DIVULGAÇÃO/T2 EDUCAÇÃo
Tiago Feitosa, fundador e CEO da T2 Educação
Confira, a seguir, o bate-papo entre Gepeto e Tiago Feitosa:
GEPETO, O FUTURO CEO - Se você tivesse que ensinar uma única lição sobre liderança para um jovem que está começando, qual seria?
TIAGO FEITOSA: Invista no seu repertório — intelectual, cultural e emocional. Liderar é saber lidar com pessoas diferentes, com histórias e visões distintas. Quanto mais repertório você tiver, maiores as chances de se conectar de verdade com o outro. Aceite também que você vai errar. Muito. E tudo bem — contanto que aprenda com isso.
Tem coisa que só o tempo ensina. Por isso, respeite os mais experientes. A maturidade é, muitas vezes, o que transforma um bom profissional num grande líder.
Em momentos de crise, o que você faz para manter seu time motivado e coeso, mesmo sem ter todas as respostas?
Eu reforço o alinhamento de valores com o time. Quando o resultado não vem como esperado, a transparência e o propósito precisam estar ainda mais presentes. Compartilho o cenário real, coloco a visão no centro da conversa e lembro o time do impacto que estamos gerando.
Mesmo quando o lucro aperta, como já aconteceu, mostramos que tomamos decisões conscientes — por exemplo, ao reduzir nosso ticket de entrada para tornar o acesso à educação mais democrático. Pode doer no curto prazo, mas estamos transformando vidas, e isso também faz parte do nosso resultado. Manter esse olhar ajuda a atravessar a turbulência com o time unido e engajado.
Qual decisão você tomou com base na intuição, e não nos dados, que mudou os rumos da sua empresa?
Lá em 2018, a gente decidiu investir no desenvolvimento da nossa própria plataforma de estudos — num momento em que quase todo mundo do nosso setor usava soluções prontas, como Hotmart Club.
A decisão veio muito mais da intuição do que de planilhas: queríamos autonomia total sobre os dados, personalização da experiência e liberdade para inovar. Manter essa estrutura tem um custo mais alto, claro, mas foi um golaço. Hoje temos controle total sobre a jornada do aluno e diferenciação real no mercado.
Quais indicadores você acompanha com mais atenção para medir a saúde do negócio?
Margem líquida é, na minha opinião, o principal indicador. Crescer receita é importante, mas se isso vier acompanhado de uma queda acentuada na margem, acende um sinal de alerta.
É natural que, com a escala, a margem aperte um pouco — mas antes de pensar em crescer, eu penso na segurança e sustentabilidade do negócio.
Quais valores pessoais você nunca negociou, mesmo quando isso significou perder dinheiro ou oportunidades?
Respeito, ética e liberdade. Não abro mão de tratar minha audiência com verdade, de entregar um produto que realmente ajude e de manter minha autonomia — seja nas decisões da empresa, seja na minha vida pessoal.
Prefiro crescer com consistência do que me render a atalhos que comprometem esses pilares. Na minha opinião, sucesso que custa a integridade ou a saúde de quem constrói junto não vale o preço.
Como você lida com inovação sem perder o foco no que já funciona?
Esse é um desafio diário. Toda hora surge uma novidade que parece incrível e promissora — mas a gente tem uma filosofia clara: valorizar o básico bem feito. Antes de adotar qualquer inovação, nos perguntamos se ela realmente melhora o que já funciona.
Se sim, ótimo. Se é só uma reinvenção da roda, preferimos seguir com o que está sólido. Inovar, para a gente, não é sair adotando tudo que é novo — é escolher com critério o que agrega valor de verdade, sem desorganizar o que já está rodando bem.
Como você forma, desenvolve e retém líderes dentro da empresa?
Com feedbacks constantes e autonomia real. Estou próximo do time e disponível, mas faço questão de fortalecer a liderança de quem está à frente. Nunca desautorizo um líder diante da equipe, mesmo que algo precise ser ajustado, o feedback acontece no individual, e o próprio gestor reposiciona com o time, se necessário.
Também valorizo a construção da autoridade dos líderes: quando uma ideia nasce comigo, por exemplo, faço questão de apresentá-la como iniciativa do gestor. E claro, bons talentos precisam ser reconhecidos não só com autonomia, mas também com remuneração proporcional. Por isso, temos planos de longo prazo que valorizam quem lidera com consistência.
Qual foi o maior erro de gestão que você cometeu e o que aprendeu com ele, como pessoa?
Acelerar demais a responsabilidade de alguém antes do tempo certo. Já cometi o erro de confundir performance com maturidade e aprendi que nem todo bom resultado indica prontidão para assumir uma liderança. Hoje, entendo que atribuição exige preparo técnico, emocional e, principalmente, tempo de maturação.
Qual é a sua abordagem para feedbacks difíceis com times ou executivos?
Quando preciso dar um feedback difícil, sou direto em apontar onde houve a falha: sem rodeios, mas com respeito. Depois, costumo perguntar se a pessoa concorda que aquela atitude não foi a mais adequada.
Essa validação é importante, porque quando o liderado reconhece o ponto, a conversa deixa de ser uma cobrança e vira uma construção conjunta. Na minha opinião, feedback difícil tem a ver com comportamento, não com resultado.
Resultado a gente pode debater, ajustar metas, mudar rota. Mas comportamento desalinhado precisa ser endereçado com clareza, para proteger a cultura e o ambiente da empresa.
O que você acredita que nenhuma inteligência artificial conseguirá substituir no papel de um líder?
A IA pode, e deve, ajudar muito um líder. Mas substituir, não. Liderar é se envolver, é perceber nuances, é estar próximo do time, muitas vezes até emocionalmente.
A IA pode apoiar na gestão, organizar informações, otimizar processos… mas ela não enxerga quando alguém está enfrentando um desafio pessoal e precisa de acolhimento, escuta ou presença. Isso é humano demais para ser automatizado.
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