RETOMADA ECONÔMICA
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Fábrica industrial; IODE-PME mostra crescimento das PMEs brasileiras em setembro/2025
Publicado em 20/10/2025 - 12h00
A indústria e o comércio puxaram o crescimento das pequenas e médias empresas (PMEs) em setembro, mês em que o faturamento real do setor avançou 2,5% em relação ao mesmo período de 2024. Apesar da leve queda de 0,8% frente a agosto, o resultado confirma a quarta alta consecutiva e reforça os sinais de retomada gradual do setor no segundo semestre, sustentada pela desaceleração da inflação, aumento da renda real e melhora da confiança empresarial.
"As PMEs vêm apresentando uma retomada gradual desde junho, sustentada pela desaceleração da inflação e pelo aumento da renda real. Ainda que o crédito continue caro, a melhora do poder de compra das famílias tem criado um ambiente mais favorável, especialmente para os segmentos ligados ao consumo", afirma Felipe Beraldi, economista da Omie. Os dados são do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), que monitora 748 atividades econômicas no país.
A indústria foi o principal motor da expansão, com crescimento de 6,1% em setembro na comparação anual. O avanço foi impulsionado por setores como bebidas, alimentos e papel e celulose, que lideraram o aumento no faturamento entre as PMEs industriais.
O comércio também deu sinais de reação, ao registrar alta de 2,1% em relação a setembro de 2024 — o primeiro resultado positivo após meses de retração. O desempenho foi impulsionado pelo atacado (+4%), enquanto o varejo ainda apresentou leve queda (-3,5%). Segmentos como joalherias, lojas de departamento e artigos de armarinho tiveram desempenho acima da média.
"A recuperação do comércio mostra uma melhora na dinâmica da renda e da confiança do consumidor. O atacado, em especial, tem se beneficiado da recomposição de estoques e da estabilização dos custos logísticos", explica o economista.
Os serviços registraram leve recuo de 0,2%, após avanço de 1,6% em agosto, e seguem impactados pelos juros altos. Segmentos ligados a serviços profissionais, tecnologia e comunicação continuam positivos, mas com ritmo mais lento. Já o setor de infraestrutura permanece em terreno negativo, com retração de 2,3%, reflexo da perda de fôlego da construção civil e da política monetária ainda restritiva.
"Os juros em patamar elevado continuam sendo o principal limitador da expansão dos setores mais sensíveis ao crédito. A indústria e parte do comércio conseguem reagir mais rápido, mas serviços e infraestrutura ainda operam com margens comprimidas", avalia Beraldi.
A inflação sob controle, especialmente em alimentos e bebidas, com deflação de 0,26% em setembro segundo o IBGE, tem dado fôlego ao consumo e ajudado na recuperação das PMEs.
Mesmo com o crédito ainda caro, os sinais apontam para um encerramento de 2025 com desempenho positivo, apoiado na resiliência das empresas e na recuperação da demanda interna. "O saldo é positivo, pois o setor mostra capacidade de adaptação mesmo em um cenário de restrição financeira. O desafio agora é sustentar o crescimento com produtividade, inovação e acesso mais equilibrado a crédito", conclui Beraldi.
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