DENTRO DA ESTRATÉGIA

Como evitar os 'custos invisíveis' que impactam a margem de lucro

JAKUB ZERDZICKI/UNSPLASH

Imagem de calculadora em mesa

Imagem de calculadora em mesa; entenda como os custos invisíveis prejudicam as empresas

Publicado em 8/8/2025 - 9h00

Um estudo do IBGE revelou que 62,1% das empresas abertas em 2017 encerraram suas atividades até 2022. Essa taxa de mortalidade, especialmente entre micro e pequenas empresas, vai além das dificuldades de mercado: muitos negócios quebram por causa dos chamados custos invisíveis.

São gastos que não aparecem com clareza nas planilhas, mas corroem a margem de lucro. Estão relacionados a falhas operacionais, desperdícios, retrabalho, excesso de estoque, logística ineficiente e ausência de controle financeiro.

Também incluem decisões sem embasamento, tomadas no "achismo", que geram erros de avaliação e perda de oportunidades. Negócios com alto volume de vendas podem esconder esses problemas.

A falsa sensação de sucesso ("está vendendo bem") camufla gastos mal planejados com precificação incorreta, produção desajustada ou estrutura inchada.

Por isso, o foco do empreendedor não pode ser apenas vender, mas estruturar bem o cálculo do preço de venda, incluindo despesas com frete, embalagem e serviços indiretos.

Impacto no setor de vestuário

No setor de moda, esse cenário é recorrente. Assim que uma coleção gira, já começa a correria pela próxima. Acúmulo de funções como estilo, compras e financeiro, somado à rotina intensa, abre espaço para falhas básicas que afetam diretamente a lucratividade.

Exemplo clássico é o descontrole na compra de matéria-prima: faltas obrigam compras emergenciais a preços maiores. Por outro lado, quando a produção excede a demanda, o estoque encalha — e estoque parado representa capital imobilizado. O mesmo vale para a logística no setor de vestuário, onde custos com transporte e deslocamento também devem ser considerados na margem.

Empresas que operam no piloto automático, sem revisar seus processos ou analisar indicadores, correm alto risco. Decisões repetidas por hábito, e não por dados, levam à estagnação.

No varejo de moda, por exemplo, insistir na produção de peças que não vendem mais é um erro comum. A gestão de estoque deve se basear em análises constantes.

A precificação correta é outro ponto-chave. Promoções exageradas, sem considerar custos, reduzem margens. Pior ainda é a necessidade de "saldar" produtos, ou seja, vender abaixo do custo — o que aponta falhas em toda a cadeia: planejamento, produção e estratégia comercial.

Fatores externos também interferem. Um inverno mais quente, por exemplo, encalha coleções de frio. Por isso, prever demandas com inteligência e manter gestão analítica é essencial para evitar prejuízos.

Associações setoriais, como a ABIV, têm papel estratégico. Elas ajudam empreendedores a identificar gargalos, cortar desperdícios e adotar ferramentas tecnológicas que profissionalizam a gestão. A missão é clara: proteger a rentabilidade da empresa e torná-la mais resiliente.

Negócios que enfrentam os custos invisíveis com visão analítica, planejamento e decisões baseadas em dados têm mais chance de crescer com segurança. Afinal, o lucro real está nos detalhes que muitas vezes não aparecem — mas fazem toda a diferença.


*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.

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