Ele largou o Direito, criou franquia de beleza e se tornou sócio da Anitta

Aos olhos do público, pode até parecer mais uma clínica de depilação a laser, com a diferença de ter uma foto de Anitta na fachada. Mas o CEO da Laser&Co, Rafael Estevez, faz questão de corrigir: "A depilação representa só 20% do nosso faturamento. Nosso negócio é estética avançada com tecnologia, e não simplesmente remoção de pelos".

Fundada em 2022, a Laser&Co é a primeira rede de franquias especializada em procedimentos estéticos com laser e ultrassom do Brasil. Desde o ano passado, conta com a cantora Anitta no quadro societário, uma parceria estratégica para mudar a percepção do mercado e acelerar a expansão da marca.

"Precisávamos de alguém que não tivesse vergonha de falar sobre os procedimentos, que tivesse presença, fosse reconhecida e tivesse abertura internacional. A Anitta foi a escolha natural. Ela já fazia tratamentos com a gente e se interessou pelo modelo de negócio", reforça Estevez em entrevista ao Economia Real.

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A estratégia deu certo: só o vídeo de anúncio da entrada da cantora na sociedade teve 10 milhões de visualizações em 50 minutos. "Ela trouxe muita visibilidade, claro, mas também credibilidade. Precisávamos de alguém para mostrar que não somos mais do mesmo", reforça.

No ano passado, a rede faturou R$ 50 milhões e pretende alcançar 100 unidades em todo o Brasil até o fim deste ano. Mas um detalhe chama atenção: Estevez não é do ramo da saúde, e sim da advocacia. Com mestrado em Processo Civil pela PUC-RS, chegou a dar aulas em faculdades de Direito no Rio Grande do Sul.

Fora da sala de aula, o agora empreendedor se especializou em franquias ao atender, como advogado, franqueados gaúchos de grandes redes. Ele também foi o responsável pela criação da regional gaúcha da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Em 2019, fundou ao lado da mulher, a dentista Cristina Bohrer, a Botoclinic — empresa pioneira em harmonização facial no Brasil. Anos depois, o casal vendeu a operação para um fundo da XP Investimentos e, desde então, foca exclusivamente na expansão da Laser&Co.

Diferenciais do modelo

Com a nova empreitada, Estevez decidiu apostar em um modelo que vai além da harmonização facial e das clínicas médicas tradicionais. "Nosso diferencial está no mix de serviços. As clínicas concorrentes têm um laser. A gente tem quatro tipos diferentes de laser em cada unidade, além de ultrassom", explica.

Os serviços incluem desde rejuvenescimento facial até clareamento íntimo, todos ofertados em modelo de recorrência — como uma academia de estética.

O nosso carro-chefe hoje é o ultrassom full face, que atua na flacidez e na gordura do rosto. A segunda maior fonte de faturamento é o famoso esperma de salmão [o PDRN com laser], que ficou popular com celebridades como Juliette e Virgínia Fonseca", detalha.

O pacote com três ou quatro sessões custa, em média, R$ 1,2 mil e gera margem de lucro de até 40% por atendimento. Segundo o executivo, a alta rentabilidade vem do protagonismo da tecnologia, e não dos insumos. "O laser não é um produto que precisa ser comprado toda vez. Você financia o equipamento e consegue usar durante anos. Diferente do botox, que tem custo por ml aplicado", diz.

Atualmente, a rede possui 24 lojas próprias e 46 franquias. O investimento médio para abrir uma unidade é de R$ 300 mil a R$ 350 mil, incluindo taxa de franquia, reforma e mobiliário. O equipamento de laser pode ser financiado via BNDES, por ser fabricado no Brasil, com até 12 meses de carência. "Nosso modelo é muito procurado por profissionais da saúde: biomédicos, dentistas, fisioterapeutas. Muitos vêm em busca de um negócio com margem boa, ticket médio alto e baixa complexidade operacional", afirma.

A empresa pretende fechar 2025 com mais de 100 unidades em operação. Segundo Estevez, o crescimento é impulsionado não só pela visibilidade de Anitta, mas também pelo suporte oferecido pela franqueadora: "Temos universidade corporativa, sistema de gestão próprio e meta para tudo. Cada loja é acompanhada de perto".

A sede da empresa fica em São Paulo, mas o empresário fala com orgulho da origem gaúcha e do know-how em varejo acumulado ao longo de décadas. "Montei esse modelo com base no que aprendi vendo o que não funcionava em outras redes”, diz. "Franquia boa é aquela que pensa no franqueado. Se ele fatura mais, todo mundo ganha".