Quadrilha inventa roubos e até mortes em golpe de R$ 2 bilhões

Quadrilhas especializadas têm criado e executado fraudes de diversos tipos para lucrar com indenizações de seguros. Os golpes incluem roubos forjados, acidentes simulados e até mortes encenadas. Segundo informações divulgadas no domingo (22), o esquema pode ter gerado um prejuízo de até R$ 2 bilhões para as seguradoras, com quase 30 boletins de ocorrência suspeitos já identificados em Minas Gerais e São Paulo.

"É uma atividade que prejudica a todos, gera trabalho desnecessário para a polícia, obriga as seguradoras a criarem estruturas específicas para combater fraudes e, no final, quem paga a conta é o próprio segurado, com o aumento dos custos", afirmou o advogado Luiz Felipe Pellon, em entrevista ao Fantástico, exibido pela Globo.

A investigação, fruto de uma parceria entre a atração dominical e a GloboNews, descobriu o caso de Orlando Luiz Pires Júnior, que foi declarado morto após um suposto afogamento. A certidão de óbito foi emitida, e o amigo dele se tornou beneficiário de um seguro de vida. Dois meses depois, Orlando apareceu vivo em meio a uma audiência trabalhista no interior do Paraná.

Confrontado pela polícia em Jaguapitã (PR), ele confirmou sua identidade. Cinco pessoas foram indiciadas por estelionato e associação criminosa e já respondem na Justiça.

Em São Vicente (SP), um caminhoneiro denunciou um falso sequestro seguido de roubo, no qual alegou ter sofrido um prejuízo de R$ 700 mil. As investigações apontaram que ele integrava uma quadrilha de fraudes contra seguradoras. Na capital paulista, outra motorista alegou ter sido vítima de furto, mas câmeras de segurança mostraram que ela mesma retornou ao local e saiu com o próprio carro.

De acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), só no primeiro semestre de 2024, os pedidos de indenização considerados suspeitos ultrapassaram R$ 2 bilhões.

As polícias de São Paulo e Minas Gerais identificaram 26 boletins de ocorrência com evidências de fraude, incluindo relatos semelhantes de assaltos forjados em capitais e outros sete municípios. Em muitos dos casos, os golpistas seguiam um roteiro predefinido ao prestar depoimento nas delegacias.

O aumento das fraudes preocupa o setor de seguros, que alerta para os impactos dessa prática criminosa sobre o custo dos prêmios de seguro e a segurança jurídica dos contratos.

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