LUTO
REPRODUÇÃO/GOVERNO DO VATICANO
Papa Francisco (1936-2025); pontífice morreu na madrugada desta segunda (21) no Vaticano
Publicado em 21/4/2025 - 8h42
Atualizado em 21/4/2025 - 16h49
Morreu na madrugada desta segunda (21) o papa Francisco, aos 88 anos. O pontífice chegou a ficar internado por cerca de 40 dias devido a um quadro de pneumonia nas últimas semanas, mas havia se recuperado e participado da celebração de Páscoa no domingo (20).
"O bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados", afirmou o Vaticano em comunicado oficial.
"Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino", complementou.
Jorge Mario Bergoglio, nome de batismo do pontífice, enfrentou episódios de dificuldades respiratórias no começo do ano. Ele ficou internado por quase 40 dias no Hospital Gemelli e recebeu alta no dia 23 de março. Enquanto esteve hospitalizado, o papa apresentou diferentes quadros de saúde, alternando pioras e melhoras.
Durante a internação, foi diagnosticada uma pneumonia em ambos os pulmões — uma condição grave que causa inflamação e pode deixar cicatrizes nos órgãos, o que compromete a respiração. Essa complicação agravou ainda mais os últimos dias do pontífice, até sua morte.
Francisco assumiu o papado em março de 2013 e entrou para a história da Igreja Católica como o primeiro papa latino-americano, além de ser o primeiro jesuíta a liderar a Santa Sé.
A morte do papa Francisco gerou comoção global, e diversas autoridades manifestaram condolências e reconheceram seu legado.
No X, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu: "Descanse em paz, papa Francisco. Que Deus o abençoe e a todos que o amavam".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou o papel do pontífice como uma voz firme pela paz, justiça social e dignidade humana.
"Certa vez, o papa disse: 'O futuro da humanidade não está exclusivamente nas mãos de políticos, de grandes líderes, de grandes empresas... [está], acima de tudo, nas mãos das pessoas que reconhecem o outro como um você e a si mesmas como parte de um nós'. Nosso mundo dividido e discordante será um lugar muito melhor se seguirmos seu exemplo de unidade e compreensão mútua em nossas próprias ações", destacou o representante das Nações Unidas em comunicado à imprensa.
Na Palestina, o presidente Mahmoud Abbas enviou condolências ao Vaticano, enalteceu Francisco como um símbolo de tolerância, amor e fraternidade. O grupo Hamas também se pronunciou, prestou solidariedade à comunidade católica global. Em sua última aparição pública, no Domingo de Páscoa, Francisco mencionou o sofrimento do povo de Gaza e expressou preocupação com a crise humanitária na região.
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de sete dias e ressaltou o compromisso do papa com os mais vulneráveis como pobres, refugiados e vítimas de guerras. Lula também destacou o papel de Francisco na defesa do meio ambiente e na denúncia das desigualdades sociais.
O Vaticano informou nesta segunda-feira (21) que a morte do papa Francisco foi causada por um Acidente Vascular Cerebral (AVC), seguido de um quadro de insuficiência cardíaca irreversível.
A saúde do pontífice sempre foi motivo de atenção, mas, nos últimos quatro anos, as preocupações se intensificaram. Ele tinha tendência a infecções pulmonares, consequência de uma pleurisia sofrida na juventude — uma inflamação da membrana que reveste os pulmões —, o que resultou na remoção parcial de um dos órgãos.
Em julho de 2021, o papa passou por uma cirurgia de seis horas para retirar 33 centímetros do cólon, como tratamento para diverticulite, uma condição intestinal.
Durante o ano de 2023, foi hospitalizado duas vezes. Em março, deu entrada no hospital com dificuldade para respirar, sendo diagnosticado com bronquite e tratado com antibióticos, o que proporcionou uma recuperação rápida. Já em junho, passou nove dias internado para uma nova cirurgia abdominal, a segunda na mesma região em dois anos.
Nos últimos anos, também precisou usar cadeira de rodas devido a dores no joelho e nas costas, além de realizar sessões de fisioterapia durante as internações para melhorar a mobilidade.
Nas próximas semanas, a Igreja Católica se reunirá para eleger o sucessor do papa Francisco. A escolha será feita durante o Conclave, um encontro reservado entre os cardeais da Igreja, realizado na Cidade do Vaticano.
Atualmente, são 252 cardeais, mas apenas 138 deles têm menos de 80 anos e, por isso, podem votar. Sete cardeais brasileiros estão na lista do Vaticano para participar. Todos se reúnem em um verdadeiro retiro espiritual, com hospedagem na Casa Santa Marta, e votações realizadas na Capela Sistina.
O Conclave começa entre 15 e 20 dias após a morte do papa. Durante esse período, os cardeais participam de celebrações religiosas e discussões, sempre em sigilo absoluto. Duas votações acontecem por dia — uma pela manhã e outra à tarde. Para ser eleito, o candidato precisa de pelo menos dois terços dos votos.
Se o novo papa for escolhido, uma fumaça branca sai pela chaminé da Capela Sistina, ato que simboliza ao mundo que há um novo líder para os mais de um bilhão de católicos. Se ninguém alcançar a maioria, a fumaça é preta, e o processo continua.