DIGNO DE NOVELA

Esse país criou o Pix antes do Brasil, mas tudo deu errado por lá

JORGE ROMERO ORTIZ/PEXELS

Notas de 500 pesos mexicanos

Notas de 500 pesos mexicanos; México começou a desenhar seu Pix em 2004, mas deu tudo errado

Publicado em 14/6/2025 - 6h30

O Pix, sistema de pagamentos instantâneos lançado no Brasil em 2020, rapidamente se tornou o queridinho dos brasileiros na hora de realizar uma transação. Porém, uma década antes da estreia dessa tecnologia em território nacional, o México já tentava implementar um sistema similar — e o resultado foi uma verdadeira novela.

O "Pix mexicano" começou a tomar forma ainda em 2004 e, nos anos seguintes, passou por diversas reformulações para se tornar mais amigável ao usuário — todas sem sucesso. Em 2010, o Banco Central do México (Banxico) tentou revolucionar a forma como os mexicanos lidavam com dinheiro ao lançar o Sistema de Pagamentos Eletrônicos Interbancários (SPEI).

O problema é que o SPEI foi pensado para um público já bancarizado e com familiaridade digital, em uma época em que transferências por celular ainda engatinhavam. Smartphones com internet móvel eram luxo para poucos. Além disso, grande parte da população mexicana sequer possuía conta bancária ativa, especialmente em áreas rurais — uma barreira crítica à inclusão financeira.

"Lá, o sistema não prosperou porque a população ainda não tinha acesso massivo a contas digitais. No Brasil, o cenário foi diferente: a digitalização veio antes do Pix, com fintechs e soluções financeiras chegando à base da pirâmide", explica Anderson Olivares, líder (general manager) da Dock na América Latina, em entrevista ao Economia Real.

Em 2019, na tentativa de corrigir os erros do passado, o México lançou o CoDi (Cobro Digital), um verdadeiro reboot do SPEI. A proposta era mais moderna, com uso de QR Code, pagamentos por aproximação e aplicativo próprio. O cheiro de inovação estava no ar, mas faltou adesão.

A população não embarcou na proposta e, para piorar, os comerciantes também resistiram. No fim das contas, o tradicional "peso" de papel continua sendo o meio de pagamento preferido entre os mexicanos.

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