Ele quebrou no day trade em 3 dias e criou game que movimenta R$ 10 mi

Gabriel Jardim se encantou cedo com o universo do day trade, mas bastaram três dias de operações reais na Bolsa de Valores para quebrar e ficar no vermelho. Essa frustração virou ponto de partida para criar a Trade Arena, plataforma gamificada que já reúne 40 mil usuários e pretende fechar 2025 com faturamento de R$ 10 milhões.

"Nos simuladores, todo mundo consegue bons resultados, mas quando vai para o mercado real, onde entra a pressão psicológica e o risco de perder dinheiro de verdade, a maioria acaba perdendo tudo em pouco tempo. O mínimo exigido para operar já é alto, em torno de R$ 1,5 mil, e esse valor pode sumir em minutos. Para muita gente isso é inviável", explica Jardim em entrevista ao Economia Real.

O day trade é a prática de comprar e vender ativos financeiros no mesmo dia para lucrar com pequenas variações de preço. Apesar da promessa de ganhos rápidos, é uma atividade de alto risco, que exige decisões instantâneas e controle emocional. Para a maioria dos iniciantes, a pressão psicológica e a alavancagem acabam levando a perdas expressivas.

Foi para reduzir essa barreira que nasceu a Trade Arena. "Criamos uma ponte entre o simulador e a conta real, permitindo que o trader treine o psicológico de forma progressiva, com valores acessíveis e sem comprometer o bolso", detalha o empreendedor.

A plataforma oferece torneios diários, rankings em tempo real, interação entre usuários e prêmios em dinheiro. Em 2024, lançou a Conta Safe, com aportes a partir de R$ 25. O modelo permite ao usuário operar em ambiente simulado, mas com possibilidade de sacar lucros proporcionais. A proposta é treinar sob pressão realista sem arriscar grandes quantias.

Fomos a primeira plataforma a permitir esse tipo de experiência. Para muita gente que desistiria cedo, a Conta Safe virou uma virada de chave. Criamos um ambiente que prolonga a fase de aprendizado, mas sem o peso de arriscar todo o capital", reforça Jardim.

Outro diferencial é a integração direta com o Profit, da Nelogica, uma das principais plataformas de negociação do Brasil. Graças à parceria, os torneios e a Conta Safe rodam no mesmo ambiente já usado por traders profissionais, o que aumenta a credibilidade e aproxima ainda mais a experiência gamificada da realidade do mercado.

Crescimento acelerado

O que poderia ser apenas um game realista se transformou em negócio robusto. No segundo semestre de 2024, a receita mensal saltou de R$ 40 mil para mais de R$ 400 mil. Foram mais de 190 mil inscrições em torneios e Contas Safe, R$ 5 milhões distribuídos em prêmios e cerca de 250 mil ordens executadas por dia.

"Conseguimos aumentar o faturamento em dez vezes, mesmo com investimento mínimo em marketing. Isso nos deu a certeza de que estávamos no caminho certo", relembra o fundador.

Além de atender traders individuais, a Trade Arena já realizou campeonatos em parceria com B3, Warren e BTG Pactual, além da Copa Brasil de Trade, considerada o maior torneio de trading da América Latina.

O futuro mira diversificação. A startup deve incluir novos ativos, como criptomoedas, mercado de câmbio internacional e bolsa americana, e expandir a frente educacional com ligas universitárias, cursos gamificados e parcerias com influenciadores.

"O objetivo é ser parada obrigatória para qualquer novo investidor, para que ele aprenda com calma e segurança antes de se arriscar no mercado real. Queremos democratizar o acesso ao mercado e aumentar o percentual de vencedores na conta real", afirma Jardim.

O aprendizado também trouxe lições de gestão. Uma escolha errada de parceiros quase levou a empresa à falência, quando a plataforma original não suportava mais de 300 usuários simultâneos. A virada veio ao decidir montar equipe interna e reconstruir toda a tecnologia. "A resiliência e a escolha certa de pessoas são os fatores que sustentam qualquer negócio", resume.

Mais do que os números, o impacto nos usuários é o que move o empreendedor. "Ver a plataforma ajudando tanta gente me dá combustível para expandir ainda mais. Tenho a sensação de que estou só no começo, com muito mais por fazer", conclui.