Ele largou a CLT após dois meses, faliu e faturou R$ 30 mi aos 28 anos

Com apenas 28 anos, Jorge Kotz viu sua empresa faturar R$ 30 milhões em 2024 com cursos e formações para empresários. Mas quem observa esse resultado tão cedo talvez não imagine que ele trabalhou apenas dois meses com carteira assinada, faliu um negócio e usa os aprendizados da própria trajetória para evitar que outros empreendedores cometam os mesmos erros.

"O problema do pequeno e médio empresário é confundir competência com caixa. Se ele vende R$ 100 mil parcelado em três vezes, não recebe esse valor de imediato. Às vezes, o custo do produto é R$ 50 mil, e ele só tem R$ 33 mil no caixa. Já começa a operação devendo", explica Kotz em entrevista exclusiva ao Economia Real.

Desde 2021, ele lidera o Grupo X, hub de educação empresarial sediado em Toledo (PR). Antes de orientar outros empreendedores, Kotz viu na própria casa a importância de lidar com dinheiro de forma mais estratégica. "Descobri que minha família passou fome para que eu não passasse. Isso mudou minha percepção sobre finanças", conta.

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Aos 16 anos, estudava em tempo integral e, no turno da noite, trabalhava em uma copiadora. O primeiro estalo para o mundo dos negócios veio ao perceber que um panfleto vendido por um representante custava os mesmos R$ 300 que ele levava uma semana para ganhar. A partir dali, decidiu aprender sobre vendas e marketing.

Poucos anos depois, Jorge se especializou em redes sociais, anúncios e estratégias digitais, ainda quando o tema era pouco explorado por empresas. "Continuei como social media. Um dos meus clientes era um bar, que me ofereceu a oportunidade de arrendar o negócio. Topei, mas fali em quatro meses e fiquei com uma dívida de R$ 300 mil. A única coisa que sabia fazer era vender no digital, então voltei com tudo", relembra.

Ele abriu uma agência e, em pouco tempo, atendeu 150 clientes. Sem controle da operação, acabou vendendo sua parte na sociedade. A experiência acumulada serviu de base para criar um novo negócio: a Kairos, agência de estratégia empresarial nas redes sociais e embrião do Grupo X.

Em 2019, lançou seu primeiro evento, com 500 pessoas, e faturou R$ 700 mil. Já preparava a expansão para Curitiba quando a pandemia chegou. Em vez de parar, voltou aos estudos.

Todo mundo virou expert em marketing na pandemia. Isso me incomodou. Vi gente falando bobagem, enquanto eu tinha contato direto com o pequeno empresário e sabia das dores reais. Decidi focar no que sei fazer: negócio”, relata.

Com o fim das restrições sanitárias, Kotz organizou um evento presencial com 700 pessoas. Em 2022, promoveu quatro grandes encontros, que reuniram mais de 10 mil pessoas. Hoje, o Grupo X vai além dos eventos. Oferece mentorias, consultorias, formações e mantém uma comunidade de negócios com mais de 100 empresários, cada um pagando R$ 67 mil anuais.

DIVULGAÇÃO/GRUPO X

Kotz em palestra do Grupo X

Modelo escalável e ecossistema robusto

Nos treinamentos, os participantes vivem experiências imersivas, desenhadas para gerar aprendizado prático e duradouro. "Simulamos como criar uma empresa em seis dias. É uma metodologia baseada em sinapses memoriais: a experiência fixa o conteúdo", explica Kotz.

Em uma das dinâmicas, os alunos assinam um contrato declarando que retiraram 67 livros, quando na verdade levaram apenas 65. "Depois mostramos o erro e cobramos os dois livros. Eles aprendem que palavra assinada tem valor", exemplifica.

Em 2022, Kotz identificou um gargalo: tudo dependia da sua imagem. "Eu era o produto. Percebi que precisava criar outros 'Jorges' para o negócio escalar", explica. No ano seguinte, percebeu que não estava aproveitando todo o potencial da audiência que já tinha conquistado. Foi o ponto de virada para estruturar o Grupo X como um ecossistema.

Ele lançou o X Invest, iniciativa voltada para investimentos imobiliários entre os membros do seu mastermind. Também incorporou uma agência de marketing ao grupo e trouxe novos especialistas. "Começamos a integrar soluções e transformar o Grupo X em algo maior que eu", afirma.

Com a estrutura mais madura, decidiu ampliar o foco. Criou o Conselho X, uma comunidade exclusiva para donos de grandes empresas. O ingresso custa R$ 150 mil, e os participantes precisam faturar ao menos R$ 10 milhões por ano. "Grandes empresas começaram a entrar, e isso levou o jogo a outro nível".