Ele abriu mão do sonho dos concurseiros para treinar 10 mil advogados

Aos 23 anos, recém-formado em Direito, Jaylton Lopes Jr. já estava em sala de aula. A paixão pela docência surgiu cedo, mas a carreira parecia seguir outro rumo. Após sete anos de estudo, ele foi aprovado no concurso para juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Contudo, a vocação pelas aulas falou mais alto: ele pediu exoneração do cargo para empreender com cursos jurídicos online e já treinou mais de 10 mil profissionais nos últimos quatro anos.

"Os cursos jurídicos falavam muito sobre teorias e quase nada sobre a prática. Faltavam trilhas objetivas para inventários, família e imobiliário. Faltava um diálogo mais direto e prospectivo. Faltavam modelos, checklists, estratégias processuais e visão de bastidores. Havia teoria, mas faltava o 'como fazer' com segurança e eficiência", lembra Lopes Jr. em entrevista ao Economia Real.

A percepção dessa lacuna foi o ponto de partida para a criação do Direito Processual Cursos Jurídicos (DPA), fundado em 2021 ao lado do amigo e sócio André Santa Cruz. A proposta era clara: unir linguagem acessível, casos reais, documentos prontos para uso e a visão completa de quem já advogou e também já julgou. "Eu já ensinava online, mas queria fazer do meu jeito", resume o fundador.

RAPHAEL BRITO

Ele trocou a energia solar para liderar um negócio que deve faturar R$ 4 mi

MAYRA MORAIS

A enfermeira que largou os hospitais para construir um império na massagem

O modelo conquistou tração rapidamente. A primeira turma superou a média de adesão e gerou relatos de alunos que fecharam contratos de honorários e conquistaram vitórias processuais a partir das aulas.

"A comunidade não apenas assiste às aulas, mas aplica e volta para compartilhar resultados", explica. Hoje, o DPA soma mais de 10 mil profissionais impactados e reinveste grande parte da receita em inovação.

Entre as apostas estão a integração de inteligência artificial (IA) aos cursos de prática em Direito Sucessório e Imobiliário, que oferece suporte jurídico 24 horas por dia. Os alunos acessam a ferramenta para elaborar petições, documentos e estratégias jurídicas. Além disso, a empresa investe em qualidade audiovisual profissional e em professores convidados de alto nível.

Em pouco tempo, o então juiz precisou escolher: conciliar as duas carreiras ou focar totalmente no CNPJ. Em 2023, abriu mão da estabilidade e do prestígio da toga para voltar à advocacia e escalar a educação digital. "Foi um desafio emocional e estratégico", admite.

Para superar, estruturou processos claros, montou uma equipe enxuta e definiu uma regra simples: cada aula deve resolver um problema real do advogado. Na gestão, alguns aprendizados viraram mantra: clareza de proposta, processos antes de pessoas e respeito absoluto ao aluno. "Um bom marketing vende, mas só a entrega de qualidade fideliza", afirma.

Os próximos passos envolvem três frentes de expansão: trilhas avançadas e bibliotecas de modelos estratégicos, integração mais profunda de IA no Direito e maior alcance nacional. Paralelamente, o ex-juiz fortalece o escritório Agi, Santa Cruz & Lopes Advocacia.

O propósito, no entanto, segue inalterado. "No campo educacional, formar advogados que prosperam com técnica, ética e prática. Transformar conhecimento em mais clientes e mais honorários", resume o empreendedor.