DENTRO DOS NEGÓCIOS
MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL
Cédulas de real; entenda quando vale a pena solicitar crédito para a sua empresa sem afundar
Publicado em 3/9/2025 - 7h00
Buscar crédito para pequenas e médias empresas (PMEs) pode ser o caminho para expandir o negócio, reforçar o caixa ou atravessar crises. Mas, com a Selic em 15%, também pode virar armadilha se usado sem planejamento. Especialistas ouvidos pelo Economia Real explicam como identificar a hora certa de pegar dinheiro emprestado, quais sinais de alerta observar e de que forma alinhar as dívidas à estratégia do negócio.
"Um dos erros mais comuns para uma PME é a relativa falta de controle financeiro, o que leva a um descontrole na gestão da empresa e na capacidade de planejamento. Uma das consequências é a utilização do crédito como solução paliativa para a dificuldade financeira", afirma Marcelo Navarini, diretor do Bling.
Ele ressalta que a falta de comparações entre linhas disponíveis também leva a empréstimos mais caros e onerosos, o que compromete ainda mais a rentabilidade da empresa.
Para Tiago Patrício, fundador do allhands, o primeiro cuidado é analisar o Custo Efetivo Total (CET). "O empreendedor precisa olhar além da taxa de juros nominal. O que realmente importa é o CET, que mostra o valor verdadeiro da operação, incluindo tarifas e encargos. Outro ponto é o prazo: o pagamento deve estar compatível com o ciclo de recebimento da empresa".
Claudio Limão, diretor de Empréstimos, Cartões e Seguros do PagBank, acrescenta que o cálculo começa antes de chegar ao banco. "É preciso ter clareza sobre receitas, despesas e o valor exato que precisa: seja para cobrir um desencaixe no fluxo de caixa ou investir no crescimento".
Nem todo crédito serve ao mesmo propósito. "Capital de giro faz sentido para equilibrar caixa ou financiar operações do dia a dia. Antecipação de recebíveis é um oxigênio rápido, útil em sazonalidades, mas compromete receita futura e deve ser usada com cautela. Já as linhas de fomento, geralmente mais baratas e longas, são estratégicas para expansão, inovação e investimentos estruturais", explica Patrício.
Limão reforça que o capital de giro é mais amplo e acessível, enquanto as linhas de fomento exigem regras de elegibilidade. "O empreendedor deve sempre buscar a linha de crédito com o menor custo financeiro e com as melhores condições".
Uma das estratégias é encontrar oportunidades integradas a soluções de gestão empresarial (ERP). "Além dos recursos de controle financeiro de contas a pagar e receber, contamos com um recurso de Home Banking, que centraliza as funcionalidades da nossa conta digital PJ e dos produtos de crédito e antecipação de recebíveis", afirma Navarini.
As empresas precisam aprender a identificar quando estão entrando em um terreno perigoso. Para Patrício, o limite é claro: "Quando as parcelas do crédito passam de 20 a 25% da geração mensal de caixa, é um alerta. Outro sinal é depender constantemente de cheque especial ou antecipação sem planejamento. Se começa a atrasar folha, fornecedores ou impostos, significa que a dívida já está sufocando o negócio".
O faturamento não cobre as despesas do mês sem ajuda externa. Há uso recorrente de crédito para despesas básicas. Começam a aparecer atrasos em fornecedores, tributos ou salários", complementa Limão.
Se bem usado, o crédito pode impulsionar o negócio. "O crédito deve ser visto como alavanca de crescimento, não como muleta de sobrevivência. Usado apenas para apagar incêndios, ele normalmente agrava os problemas. Quando está conectado ao planejamento estratégico, pode acelerar expansão, digitalização e aumento de capacidade", afirma Patrício.
Na mesma linha, Limão reforça: "O crédito pode ser uma alavanca de crescimento quando usado com propósito claro e sempre de forma bastante consciente, como expandir a operação, investir em tecnologia ou aumentar estoque para vender mais".
A pedido do Economia Real, os especialistas compartilharam recomendações para empreendedores:
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