DENTRO DOS NEGÓCIOS
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
Comparação entre uma PME desorganizada e outra com processos otimizados e integrados.
Publicado em 8/9/2025 - 8h00
Muitas pequenas e médias empresas (PMEs) ainda associam o mapeamento de processos à burocracia, mas especialistas afirmam que a realidade é o oposto: organizar fluxos de trabalho aumenta a eficiência, melhora a competitividade e evita que o crescimento vire desorganização. O Economia Real ouviu executivos que apontam os sinais de alerta, os primeiros passos e como a tecnologia pode simplificar a jornada.
"Muitas PMEs associam 'estruturar processos' a burocratizar o negócio, quando na verdade é o contrário: processos bem desenhados são a base para o crescimento sustentável", afirma Fábio Magalhães, fundador e sócio da Ideen e da Revvo.
Aurora Suh, CRO da Omie, observa que a resistência também vem da percepção de que organizar custa caro ou engessa: "No dia a dia, os empresários acreditam que a informalidade gera agilidade, mas, na prática, isso acaba aumentando retrabalho e gargalos".
"É preciso lembrar sempre que, sem processos, cada nova etapa vira uma repetição do mesmo esforço", complementa Silvio Abade Jr., CEO da KSE Brasil.
Quando o improviso vira regra, a empresa já está em risco. "Tarefas que dependem sempre da mesma pessoa, informações que só existem em planilhas paralelas e decisões tomadas no feeling porque os dados não estão consolidados são sinais claros", explica Magalhães.
"Um dos sinais mais evidentes é quando a gestão passa a depender apenas da memória ou da presença do dono. Atrasos em entregas, erros recorrentes e dificuldade de treinar colaboradores são sintomas de desorganização crítica", comenta Aurora.
O consenso entre os especialistas é que o primeiro passo é priorizar processos ligados ao caixa e ao cliente:
A tecnologia aparece como aliada para dar escala sem engessar. "Tecnologia não serve para complicar, e sim para simplificar. Automatizar processos não começa com um sistema novo, mas com clareza sobre o que precisa ser resolvido", afirma Magalhães.
Aurora lembra que hoje softwares em nuvem democratizaram a gestão empresarial: "Automatizam tarefas repetitivas, como emissão de notas e cobrança, liberando tempo para que o empresário foque em inovação e crescimento".
"Quando entra a tecnologia, o gestor é liberado de tarefas repetitivas e passa a tomar decisões baseadas em dados reais", acrescenta Abade. O desafio final é equilibrar consistência e flexibilidade.
"Não é engessar, é garantir um mínimo viável de previsibilidade, sem matar a criatividade", defende Magalhães. "Os processos devem ser guias, não muros", diz Aurora.
Abade completa: "Padronizar garante qualidade mínima e segurança operacional; flexibilidade permite adaptação rápida a oportunidades". O resultado é claro: estruturar e automatizar processos não engessa a PME, mas cria a base para crescer com eficiência, previsibilidade e inovação.
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.