GEPETO, O FUTURO CEO

Ele aprendeu que dar direção vale mais do que dar certezas

ILUSTRAÇÃO/CHATGPT

IA Gepeto conversa com Lucas André, CEO da Fast Tennis

IA Gepeto conversa com Lucas André, CEO da Fast Tennis; empresário detalha estratégia de gestão

Publicado em 7/9/2025 - 12h00

"Reconhecer que não se tem todas as respostas é um ato de humildade que gera confiança e abre espaço para o diálogo verdadeiro". Para Lucas André, CEO da Fast Tennis, liderar não é sobre controlar tudo, é sobre construir junto. Nos momentos de crise, ele acredita que o papel da liderança não é oferecer certezas, mas reforçar o propósito que une o time.

"Procuro oferecer direção. Isso mantém a equipe coesa, engajada e resiliente", afirma André no bate-papo com a inteligência artificial Gepeto, o Futuro CEO. Todos os domingos, o Economia Real promove uma conversa entre um líder e Gepeto, uma inteligência artificial que sonha em se tornar CEO no futuro.

O quadro mergulha em reflexões sobre liderança, cultura, resiliência e o aprendizado constante de quem está à frente das empresas brasileiras. Na rede de academias de tênis que comanda, André defende uma visão clara sobre inovação: o presente se melhora todos os dias, mas o futuro precisa ser construído à parte.

Ele separa o que chama de inovação incremental (feita no detalhe da operação) da inovação disruptiva, que exige espaço próprio para não desorganizar o que já funciona. "O mais importante de tudo é que todas as iniciativas de inovação partam das necessidades e da obsessão pela experiência do cliente", afirma.

Para formar lideranças, o empreendedor aposta em um caminho exigente e generoso ao mesmo tempo: entregar desafios para os quais a pessoa ainda não está totalmente pronta — e estar ao lado para ajudar no processo. "Confiar, delegar, puxar para cima. E no fim, dividir o sucesso com quem caminhou junto", resume. Segundo ele, acreditar nas pessoas é uma escolha que exige ação, não discurso.

Essa visão de gestão reflete a própria trajetória. Filho de uma mãe solo, criado pela avó, foi reprovado em seu primeiro processo seletivo por causa da gagueira. Tentou de novo, conseguiu a vaga e, ao se inspirar na história de um cantor gago da sua cidade, encontrou uma forma inusitada de vencer o medo: passou a atender clientes "cantando". Subiu no ranking e construiu uma carreira sólida em televendas, até decidir largar tudo para empreender com o que o fazia relaxar: o tênis.

Hoje, Lucas André é CEO da Fast Tennis, uma rede de academias que transforma a prática do esporte em uma experiência divertida, acessível e cheia de propósito. Com aulas flexíveis e foco na experiência do cliente, a empresa promove saúde, inclusão e um estilo de vida ativo para todas as idades. Mais do que ensinar a jogar, a Fast Tennis quer mostrar que, com incentivo, todo mundo pode ir além, na quadra e na vida.

diVULGAÇÃO

Lucas André

Lucas André, CEO da Fast Tennis

Confira, a seguir, o bate-papo completo entre Gepeto e Lucas André:

GEPETO, O FUTURO CEO - Quais valores pessoais você nunca negociou, mesmo quando isso significou perder dinheiro ou oportunidades?

LUCAS ANDRÉ: Fazer a diferença positiva na vida das pessoas, esse sempre foi meu propósito pessoal e que se tornou também o propósito da empresa. Se alguma decisão colocar esse propósito em risco, prefiro não fazer, mesmo que isso signifique perder dinheiro ou oportunidades.

Acredito que resultados financeiros são importantes, mas nunca devem ser maiores que a ética e o impacto humano. Com o tempo, são esses valores que constroem credibilidade, confiança e relacionamentos sólidos, bases essenciais para qualquer negócio bem sucedido.

Como você equilibra visão de longo prazo com as demandas operacionais do dia a dia?

Esse é o desafio da ambidestria empresarial. Executar o presente com excelência e construir o futuro. Para isso, temos um time de executivos de alto padrão garantindo que a execução do presente seja feita com excelência, me liberando tempo para abrir novos caminhos de futuro. Para que isso aconteça, as metas e expectativas com o time de executivos precisam ser claras e o time precisa de autonomia para executar o plano.

Quais indicadores você acompanha com mais atenção para medir a saúde do negócio?

NPS: nos indica se realmente estamos gerando o valor que estamos propondo gerar ao cliente; e lucro líquido, que mostra realmente nosso resultado final.

Vejo esses indicadores TODO dia, da empresa como um todo e de CADA franquia. A meu ver, os demais indicadores são "meios" para fazer com que a empresa tenha alto NPS e lucro líquido.

Qual decisão você tomou com base na intuição, e não nos dados, que mudou os rumos da sua empresa?

Mudar a abordagem do tênis: sair da abordagem tradicional de competição e colocar a experiência do cliente em primeiro lugar. Assim, nasceu o modelo Fun e Flex de jogar tênis de forma mais leve e divertida com flexibilidade de horários.

Criamos esse método de ensino que combina diversão e flexibilidade, permitindo que os alunos aprendam no seu ritmo, sem compromisso fixo com horários ou planos rígidos. Não queremos formar campeões, queremos que as pessoas sejam felizes.

Em momentos de crise, o que você faz para manter seu time motivado e coeso, mesmo sem ter todas as respostas?

Em momentos de crise, acredito que a postura da liderança deve ser pautada pela transparência e pela empatia. Reconhecer que não se tem todas as respostas é um ato de humildade que gera confiança e abre espaço para o diálogo verdadeiro.

É nesse ambiente que conseguimos mobilizar o time a buscar soluções de forma colaborativa, valorizando as contribuições individuais. Mais do que dar certezas, procuro oferecer direção, reforçando o propósito comum que nos une. Isso mantém a equipe coesa, engajada e resiliente, mesmo diante de incertezas, e fortalece a cultura de união e de superação compartilhada

Como você lida com inovação sem perder o foco no que já funciona?

A inovação pode ter tanto uma abordagem disruptiva quanto incremental. O que quer dizer isso? Uma inovação incremental é a melhoria constante do que já existe, e esse tipo de inovação precisa ser feita o tempo todo, ao infinito.

Já a inovação disruptiva é algo novo, que precisa ser realizado à parte da operação existente para não impactar o presente. Voltamos ao conceito de ambidestria, enquanto a inovação incremental melhora o presente, a disruptiva molda o futuro. Mas o mais importante de tudo é que todas as iniciativas de inovação partam das necessidades e da obsessão pela experiência do cliente.

Como você forma, desenvolve e retém líderes dentro da empresa?

Confiando no potencial das pessoas, delegando desafios nos quais elas não estão preparadas para resolver sem que faça algo fora do "script" padrão, puxando as pessoas para cima e acreditando no potencial delas. E junto com esse processo, ajudando e trabalhando juntos. No fim, o sucesso é do líder e do liderado.

Qual é a sua abordagem para feedbacks difíceis com times ou executivos?

Primeiramente é me certificar de que as orientações e expectativas estejam muito claras, não pode haver dúvidas sobre a regra do jogo. Dito isso, o feedback precisa ser transparente e direto, porém, respeito e empático no sentido de estar junto na solução.

Se existe uma situação difícil, ela não é somente do liderado, é do líder também. Além disso, procuro contextualizar a situação, mostrando o impacto do comportamento ou decisão nos resultados coletivos, para que o profissional entenda o porquê do ajuste necessário.

Também reforço pontos fortes, equilibrando crítica com reconhecimento, para que o time se sinta valorizado e motivado a evoluir. Por fim, acompanho de perto a implementação das mudanças, dando suporte contínuo e sinalizando progresso, para transformar o feedback em aprendizado real.

Qual foi o maior erro de gestão que você cometeu e o que aprendeu com ele, como pessoa?

Um dos meus maiores erros foi não deixar claras as expectativas de entrega em algumas contratações. Essa falha de alinhamento acabou resultando em demissão e trouxe frustração para os dois lados. Reconheço que a responsabilidade foi totalmente minha, pois não estabeleci as regras do jogo desde o início.

Mais tarde, acabei cobrando resultados com base em critérios que não tinham sido combinados. Essa experiência me ensinou o peso da comunicação transparente e objetiva. Hoje, sei que alinhar expectativas desde o começo é fundamental para o sucesso da equipe e para evitar desgastes desnecessários.

Se você tivesse que ensinar uma única lição sobre liderança para um jovem que está começando, qual seria?

Foque nas pessoas, mas não abra mão da alta performance. Liderar é criar vínculos de confiança e respeito, entendendo que são as pessoas que movem os resultados. Ao mesmo tempo, é preciso manter a disciplina de metas claras e consistentes.

O verdadeiro líder equilibra empatia e exigência, desenvolvendo talentos enquanto garante entregas. Cuidar do time não é ser permissivo, assim como cobrar não é ser insensível.

O que você, como pessoa física, faz para alcançar uma liderança de alta performance?

Faço as coisas com amor e disciplina. Além disso, encontro na prática de esportes como o Tênis uma forma de me manter em movimento e praticar mindfulness. Cuidar da saúde, treinar o foco, trabalhar o raciocínio, sair da zona de conforto e me tornar aprendiz todos os dias.

Nas aulas de tênis, trabalho muito a humildade e a superação contínua. Esse hábito impacta diretamente na minha saúde mental e, consequentemente, na visão empreendedora, pois só se consegue cuidar de pessoas e dos negócios quem cuida primeiro de si.

O que você acredita que nenhuma inteligência artificial conseguirá substituir no papel de um líder?

IA é uma ferramenta, um recurso poderoso, mas limitado em essência, é um meio. A liderança, por sua vez, envolve visão, estratégia e a capacidade de inspirar pessoas, algo que nenhuma máquina substitui.

A IA não substituirá um líder, mas um líder que utilizar bem a IA poderá ter ganhos reais em performance de produtividade. Ele amplia a eficiência e abre espaço para decisões mais estratégicas. Sendo assim, não é a IA que transforma o futuro, mas sim os líderes que sabem usá-la com inteligência.

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