PAIXÃO NACIONAL
ENGIN AKYURT/UNSPLASH
Café preto e grãos de café espalhados em mesa; preço dispara e mercado movimenta bilhões no país
Publicado em 24/5/2025 - 11h17
Paixão nacional, o café movimenta incontáveis xícaras pelos quatro cantos do país e bilhões de reais todos os anos. Neste sábado (24), quando é celebrado o Dia Nacional do Café, pesquisas apontam que esse mercado deve alcançar um faturamento de R$ 22,1 bilhões até o fim do ano, alta de 11% ante 2024 (R$ 19,9 bilhões) — movimento que ocorre mesmo com a disparada no preço do café moído, que subiu 35,8% só nos primeiros quatro meses do ano.
"Conforme aumenta o poder de compra, o preço perde relevância e aspectos como marca, reputação e até ingredientes ganham mais destaque, evidenciando uma disposição maior para investir em cafés premium", diz Daniel Victorino, CEO da Galaxies, startup de pesquisas e inteligência de dados.
Segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), monitorados mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um cafezinho na padaria subiu 8,7% entre janeiro e abril.
Quem prefere comprar a bebida no formato solúvel e preparar em casa viu o preço aumentar 10,4%. Já quem faz questão de sentir o aroma do café moído em contato com a água quente teve que botar a mão no bolso e engolir a alta amarga de 35,8%.
Essas altas nos preços junto ao consumidor ajudam a explicar por que o mercado cafeeiro brasileiro deve faturar R$ 22,1 bilhões neste ano, de acordo com a pesquisa IPC Maps. "Nesses cálculos, são levadas em conta despesas com pó de café e cápsulas no domicílio, bem como os 'cafezinhos' fora de casa", detalha a equipe responsável pelos dados.
O levantamento da Galaxies também reforça essa paixão nacional pelo grão: 43% dos entrevistados consomem a bebida diariamente. De acordo com o estudo, apenas 9% dos participantes afirmam beber café raramente.
O consumo de café no Brasil começa a se destacar já na faixa dos 18 anos, quando 32% dos jovens relatam ingestão diária, e aumenta progressivamente com a idade. Entre os jovens de 18 a 27 anos, apenas 19% declaram nunca consumir café, enquanto 57% deste mesmo grupo afirmam nunca beber cerveja.
O hábito de tomar café atinge seu pico entre pessoas de 28 a 60 anos e mantém níveis elevados na terceira idade. A cerveja ganha espaço entre pessoas a partir dos 28 anos, mas não supera a popularidade do café em nenhuma faixa etária analisada.
No ranking das marcas de café mais lembradas espontaneamente pelos consumidores, a Três Corações lidera com 32% das menções, seguida por Pilão (14%) e Dolce Gusto (12%). O poder aquisitivo influencia diretamente as escolhas dos consumidores. Pessoas com menor renda preferem marcas como Três Corações e Pilão, que oferecem melhor custo-benefício.
Com o aumento da renda, cresce a diversificação nas escolhas, e destacam-se marcas consideradas mais sofisticadas como Nespresso, Illy e Dolce Gusto. A Melitta funciona como uma marca de transição.
Para 67% dos entrevistados, sabor e qualidade são fatores decisivos na escolha do café, independentemente da faixa de renda. O preço é importante para 44% dos participantes, enquanto 21% valorizam a reputação da marca no momento da compra.
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