FAMÍLIA IANNONI
REPRODUÇÃO/GLOBO
Ernesto Iannoni, fundador da Flexform, e os filhos Marco e Pascoal; pai acusa filhos de fraude
Publicado em 25/8/2025 - 11h10
Ernesto Iannoni, fundador da Flexform (uma das cinco maiores fabricantes de cadeiras de escritório do mundo) trava há mais de uma década uma batalha judicial contra os próprios filhos. De acordo com informações divulgadas neste domingo (24), o empresário acusa Marco e Pascoal Iannoni de fraude milionária no processo de sucessão da companhia, avaliada em cerca de R$ 200 milhões.
A disputa começou em 2010, quando Ernesto se aposentou e transferiu o controle da Flexform Indústria Metalúrgica Ltda. aos filhos. Pelo acordo firmado, ele deveria receber 25% do valor da empresa, ou seja, aproximadamente R$ 50 milhões. No entanto, alega ter recebido apenas R$ 16 milhões, valor que considera fruto de uma manobra para subvalorizar a companhia.
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, a defesa de Ernesto afirma que os filhos dele teriam manipulado a contabilidade para reduzir artificialmente a avaliação da empresa.
"O que moveu o senhor Ernesto a processar os filhos foi ter descoberto que os filhos fraudaram a contabilidade da empresa para subvalorizá-la e pagar menos do que lhe era devido", afirma o advogado Rafael Carneiro.
Um novo laudo da Polícia Civil de São Paulo reforçou as suspeitas ao apontar "escrituração irregular" de cerca de R$ 70 milhões, além de possíveis indícios de uso de empresas de fachada, notas fiscais frias e ocultação de patrimônio. O processo tramita atualmente no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
Atualmente, Ernesto vive recluso em um haras de luxo em Capão Bonito (SP), onde cria 70 cavalos puro-sangue lusitano. Ele não vê os filhos nem os seis netos desde 2017, quando se reencontraram na missa de sétimo dia de sua ex-mulher.
Para ele, a origem da ruptura está no dinheiro. "É a facilidade do dinheiro, é não saber o que precisa pra ganhar esse dinheiro, é nunca ter trabalhado duro", resume.
Marco e Pascoal não quiseram dar entrevista ao Fantástico. Em nota, afirmaram que lamentam a continuidade da disputa, que "apenas gera sofrimento a todos os envolvidos". Eles alegam que Ernesto já moveu 22 processos sobre o mesmo tema ao longo de 14 anos, dos quais 20 foram julgados improcedentes, e consideram o novo inquérito uma tentativa de reabrir um caso já analisado pelo Judiciário.
A crise também atingiu o âmbito pessoal. Os filhos afirmam que o pai chegou a pedir exames de DNA em quatro ocasiões quando já eram adultos, o que teria abalado profundamente a relação. Em 2019, tentaram interditar Ernesto judicialmente, mas laudos médicos atestaram sua plena lucidez e autonomia.
Para o fundador da companhia, esse foi o episódio mais doloroso. "Tudo machucou. Mas o que mais machucou é o processo de interdição. Isso não machucou; isso acabou comigo", desabafou.