PRESENTEÍSMO

O maior inimigo da produtividade não falta ao trabalho, está lá todos os dias

ILUSTRAÇÃO/CHATGPT

Ilustração gerada por IA mostra silhueta de profissional em alusão ao presenteísmo.

Ilustração gerada por IA mostra silhueta de profissional em alusão ao presenteísmo.

Publicado em 16/10/2025 - 8h00

Sabe aquele funcionário que nunca falta, chega no horário, participa das reuniões e "não dá problema"? Pois é. Ele pode estar custando milhões à sua empresa. A conta, quase sempre, nasce de uma liderança complacente, aquela que tolera o mediano, evita cobrança e chama omissão de empatia. No fim, não é o colaborador improdutivo que destrói resultados. É o líder que não sustenta e cobra performance.

As empresas vivem obcecadas por absenteísmo, mas o verdadeiro dreno financeiro mora no presenteísmo: gente que aparece, mas não se envolve. Cumpre tarefa, mas não entrega impacto. Está presente, mas não contribui.

Esses profissionais não fazem barulho, mas custam caro em retrabalho, lentidão e perda de margem. Um estudo da Gallup mostra que o presenteísmo pode representar até 34% do salário anual de cada funcionário improdutivo. Multiplique isso por um time inteiro e o resultado é o equivalente a meses de lucro jogados fora.

Mas o problema não está apenas no colaborador acomodado. Está na liderança que, por medo de conflito, prefere manter o mediano a corrigir o desvio. Tolerar o mediano é o mesmo que premiar o descomprometido. E toda vez que um líder fecha os olhos para isso, ele envia ao time uma mensagem perigosa: "Entregar o básico é suficiente".

Líderes que confundem empatia com permissividade criam equipes frágeis, improdutivas e caras. Empresas que evitam o desconforto da cobrança trocam performance por passividade.

E quando a mediocridade é normalizada, a cultura organizacional se deforma. Quer produtividade? Pare de medir esforço e comece a medir entrega. Pare de elogiar presença e comece a premiar consistência.

A cultura do "cumpre horário" é a antítese da performance

Ambientes de alta performance não são os que trabalham mais horas, e sim os que corrigem rápido, reconhecem certo e não toleram o que destrói valor.
O presenteísmo corporativo é uma falha cultural — e toda falha cultural é reflexo direto da liderança.

Empresas maduras tratam produtividade como ativo financeiro e sabem que uma liderança que sustenta performance é investimento, não custo. A diferença entre um time morno e um time de alta entrega está no que a liderança escolhe tolerar. Porque, no fim, o que o líder aceita define o padrão da empresa.


*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.

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