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VLADA KARPOVICH/PEXELS
Colaborador de pernas no ar no escritório; entenda os riscos ocultos da cultura permissiva
Publicado em 29/5/2025 - 6h00
Tem muito líder bem-intencionado por aí operando em uma gestão que parece moderna, mas, no fundo, é só um playground disfarçado. Ambientes coloridos. Horários flexíveis. Zero cobrança direta. Tudo parece saudável — até o primeiro problema sério aparecer.
Aí vem o silêncio, a passividade, a espera pelo "chefe resolver".
Isso não é cultura acolhedora. É cultura permissiva. E permissividade custa caro.
Maturidade não se ensina com mimo. Empresas crescem quando gente madura ocupa espaço. E maturidade corporativa se constrói com autonomia, consequência e clareza.
Não dá para tratar adulto como adolescente e esperar postura de executivo.
Gente madura precisa de contexto, não de controle. Precisa de feedback claro, e não de afagos vagos. Precisa ser confrontada com responsabilidade, e não poupada do desconforto.
"Aqui a gente é família" — e ninguém sabe demitir. Empresas com gestão infantilizada confundem clima bom com ausência de tensão.
Evita-se confronto. Evita-se decisão dura. Evita-se cobrança direta, com medo de "soar agressivo".
Mas no mercado real — onde se negocia investimento, se disputa contrato, se lidera mudança — o conflito organizacional é parte do jogo. Quem não sabe lidar, não escala.
Equipes maduras não precisam de vigilância — precisam de direção. A melhor liderança empresarial é a que ensina o time a pensar como dono, e não a obedecer como filho.
É a que mostra o impacto das ações. É a que sustenta a régua, mesmo sendo querida. É a que se recusa a tratar a cultura da empresa como um berçário de talentos que nunca crescem.
Toda vez que você poupa o time da realidade, alguém no mercado te ultrapassa por maturidade. Toda vez que você evita uma conversa difícil, constrói uma empresa frágil. E toda vez que você infantiliza a gestão, forma líderes que travam no primeiro revés.
A cultura da sua empresa precisa formar adultos que saibam lidar com o mundo real. Porque é ele que paga a conta — não o playground.
*As opiniões da colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.
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