OPINIÃO
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
Imagem criada por IA ilustra executivo preocupado com decisões a serem tomadas na empresa
Publicado em 24/7/2025 - 7h00
Toda empresa tem um ponto cego. Na maioria das vezes, esse ponto cego não está no mercado nem no concorrente: ele está dentro da própria liderança. É fácil enxergar o que está errado. Difícil é encarar o desconforto de fazer algo a respeito. E quanto maior a empresa, maior a tentação de empurrar decisões difíceis para depois.
Mas não decidir é, por si só, uma decisão: a de manter o problema. E isso tem custo — custo de performance, de moral interna, de reputação e, claro, impacto direto no bolso.
A decisão mais cara de um CEO quase nunca aparece no Demonstrativo de Resultados (DRE). Ela aparece na cultura organizacional, no clima da equipe e no silêncio das pessoas certas que começam a se afastar.
Enquanto a liderança posterga, o time sente. Quando ninguém confronta quem compromete o resultado, a régua desce. Quando o discurso não gera consequência, os valores da empresa se tornam apenas frases vazias. E quando todos já entenderam o que precisa ser feito, mas o CEO hesita, a credibilidade da liderança se dissolve.
O crescimento de um negócio não depende apenas de estratégia. Depende, principalmente, da maturidade de quem tem coragem de tomar decisões difíceis no momento certo.
Há empresários que investem milhões em marketing, mas não enfrentam o desconforto de demitir um gestor desalinhado. Há CEOs que falam em inovação, mas não encerram projetos que viraram elefantes brancos. Há fundadores que pregam meritocracia, mas protegem quem entrega menos por afeto ou lealdade mal direcionada.
Enquanto isso, a empresa trava. Não por falta de capacidade, mas por excesso de hesitação. Liderar exige mais do que visão de negócios — exige pulso firme para sustentar escolhas impopulares. A coragem que se espera do time precisa, antes de tudo, ser praticada no topo.
No fim do dia, o que define o destino de uma empresa não é o plano estratégico que ela desenha, e sim a decisão que o CEO escolhe não adiar.
*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.
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