HENRIQUE CARBONELL

Cansado das planilhas da família, ele criou uma empresa de R$ 40 milhões

DIVULGAÇÃO/F360

Imagem de Henrique Carbonell, fundador e CEO da F360

Henrique Carbonell, fundador e CEO da F360; filho de franqueados, ele criou sistema para varejo

Publicado em 11/6/2025 - 6h30

Henrique Carbonell cresceu entre perfumes, sacolas e planilhas: seus pais são donos de franquias do O Boticário e, por isso, ele acompanhou desde cedo os bastidores da gestão de uma loja. Mas foi quando assumiu a parte financeira da operação que identificou uma dor latente do setor e viu nisso a oportunidade de empreender. Assim nasceu a F360, plataforma de gestão financeira especializada em varejo e franquias, que faturou R$ 40 milhões em 2024.

"Eu cresci vivenciando todas as dores que o pequeno e médio varejista enfrenta no dia a dia. Quando comecei a trabalhar com minha família, percebi que todo o nosso processo financeiro era bem estruturado, mas feito em planilhas. Isso nos limitava, gerava estresse e tornava impossível delegar. Chegou um momento em que pensei: ou paramos de crescer ou buscamos uma solução para isso", recorda Carbonell em entrevista ao Economia Real.

Foi desse incômodo que surgiu a empresa, que automatiza os processos financeiros de lojas físicas, franquias e operações omnichannel (que vendem por múltiplos canais, como loja física, e-commerce e aplicativos). A plataforma atua na conciliação de pagamentos, controle de fluxo de caixa, contas a pagar e recebimentos, o que proporciona uma visão clara da saúde financeira do negócio.

"Hoje, o varejo lida com uma volumetria de dados muito maior do que há 20 anos. Em uma loja de médio porte, são cerca de 3 mil transações por mês, muitas parceladas e feitas por dezenas de meios de pagamento diferentes, como cartão, boleto, app, iFood e Pix. Sem tecnologia, o controle dessas informações se torna inviável. E, se o varejista não souber quanto vendeu e quanto realmente recebeu, não há como tomar decisões corretas", diz.

A F360 funciona por meio de uma assinatura mensal, atualmente em torno de R$ 380 por loja, e se diferencia por ser uma solução desenhada especificamente para as rotinas e dores do setor varejista.

Entre os recursos oferecidos estão alertas sobre taxas cobradas acima do combinado com adquirentes e o chamado "recuperômetro", que estima perdas de até 2% do faturamento em vendas não conciliadas corretamente.

"Nosso foco não é só reduzir perdas. Queremos que o varejista evolua para uma gestão financeira mais estratégica. Ele precisa saber se está gerando caixa, se o negócio é realmente lucrativo. Muitos quebram não por falta de vendas, mas por falta de controle. Já vimos lojas com alto faturamento fecharem por má gestão do fluxo de caixa", detalha.

Henrique destaca que, em geral, o pequeno e médio empresário brasileiro não possui uma estrutura administrativa robusta. "Na maioria das vezes, a empresa é tocada pelo próprio dono, com um caixa e um vendedor. O financeiro, quando existe, é feito por alguém de confiança, muitas vezes da família. Por isso, a ferramenta precisa ser simples, mas poderosa", complementa.

Aposta em franquias e dados estratégicos para redes

A assinatura da F360 é complementar aos sistemas já utilizados pelas lojas, como as plataformas Linx e Totvs. Em algumas franquias, a adoção da F360 é obrigatória para toda a rede; em outras, recomendada. Marcas como Havaianas, Hering, Chilli Beans, Arezzo, Bob's e Kopenhagen estão entre os clientes da companhia.

"Para a franqueadora, ter uma base com boa gestão financeira é essencial. Por isso, criamos um módulo que entrega relatórios padronizados de DRE para os franqueadores, com dados reais sobre a rentabilidade das lojas. Isso ajuda a rede a evoluir, sem controlar o franqueado, mas entendendo a saúde do negócio", reforça.

A plataforma atende redes de todos os tamanhos, desde microfranqueados até grandes operações multiloja. A meta da F360 é atingir R$ 55 milhões em faturamento em 2025, com foco em eficiência operacional, uma demanda crescente num cenário em que o varejo enfrenta margens apertadas e forte pressão competitiva.

"Nascer do varejo e para o varejo nos dá um diferencial enorme. A gente sabe o que dói. Por isso, nossa missão é apoiar o varejista com tecnologia acessível, que ajude a reduzir perdas, melhorar resultados e garantir sustentabilidade. Quando o pequeno empresário quebra, muitas vezes a família quebra junto. E se pudermos evitar isso, já vale a pena", finaliza.

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