Para faturar R$ 4 bi, esta empresa do agro investiu na tecnologia (e deu certo)

A São Salvador Alimentos (SSA), uma das gigantes do agronegócio brasileiro, projeta encerrar 2025 com faturamento acima de R$ 4 bilhões. O salto é explicado, em grande parte, pelo investimento em tecnologia: a companhia atingiu sua capacidade máxima de produção, com 520 mil aves abatidas por dia, após digitalizar processos e adotar sistemas avançados de gestão.

Um dos efeitos mais visíveis ocorreu na área financeira. O fechamento mensal, que antes demorava dez dias úteis, hoje é concluído em cinco. "Essa agilidade favoreceu a acurácia das decisões e elevou o padrão de transparência nos dados da companhia", afirma Kelson Alencar, diretor de tecnologia da informação da SSA, ao Economia Real.

A avicultura é considerada uma das cadeias mais complexas do agro, e a escala da SSA reforça esse desafio: a empresa movimenta por mês 20 milhões de ovos, produz 150 toneladas de ração por dia e mantém quase 300 mil toneladas de grãos estocados.

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Mais de 400 caminhões circulam diariamente para transporte de insumos e entregas. Segundo Alencar, a digitalização permitiu acompanhar de perto cada uma dessas etapas e ainda abriu espaço para inovações.

Já disponibilizamos um agente de inteligência artificial para motoristas, que registra quase 4 mil interações diárias. Esse nível de controle e eficiência nos dá base para projetar crescimento de 50% nos próximos três anos", explica o executivo.

Transformação digital e impacto regional

A transformação tecnológica também impactou a economia de Itaberaí (GO), onde fica a sede da empresa. Mais de 20 companhias de consultoria participaram da implementação, que se estendeu por 18 meses.

Nesse período, hotéis e restaurantes da região precisaram se adaptar para receber equipes de fora, o que gerou movimento extra no comércio e nos serviços locais.

Projetos de grande porte no agro costumam esbarrar em um obstáculo recorrente: a adaptação das pessoas. Para reduzir riscos, a SSA contou com a consultoria Gateware, especializada em gestão de mudanças.

"Entramos com 60 dias de antecedência em relação ao implementador e mantivemos conexão constante com a liderança. Esse alinhamento foi fundamental para engajar as equipes", destaca Niviani Rudek, COO da Gateware.

A executiva reforça que tecnologia sozinha não assegura resultado: "Sem tratar a mudança como competência, as empresas gastam em sistemas, mas não conseguem retorno, porque deixam de preparar o maior ativo: as pessoas".

"Estamos incorporando soluções de inteligência artificial, automação de processos e plataformas de desenvolvimento ágil. A transformação digital se consolidou como parte da estratégia de crescimento", complementa Alencar.